Apesar das mortes, o diretor clínico José Pedro Figueiredo afastou a possibilidade de um surto e disse que associados a este caso estão internados no CHUC 21 doentes.
Entre estes 21, oito estão infetados e os restantes colonizados com a bactéria.
Dos doentes infetados, quatro estão nos cuidados intensivos, um dos quais deverá ter alta hoje, dois têm prognóstico favorável e um outro prognóstico reservado e "nenhum deles está intenado com patologia relacionada com a klebsiella", apresentando outras patologias.
A edição de hoje do JN associava esta bactéria e os internamentos em Coimbra a um surto que em Gaia, em 2015, acabou por atingir mortalmente três pessoas.
Desde que o CHUC “tomou conhecimento desta situação, foram implementadas um conjunto de medidas de prevenção, que radicam sobretudo na identificação dos doentes, no seu isolamento e numa monitorização permanente da sua evolução clínica”, disse o diretor clínico do CHUC, que falava hoje, ao final da manhã, numa conferência de imprensa.
“Em nenhuma circunstância se justifica alarmismo social”, sublinhou José Pedro Figueiredo, referindo o CHUC tem, nos seus diferentes estabelecimentos hospitalares, “internados em situação aguda, habitualmente, mais de 1.900 doentes”.
Sublinhando que “há diferença entre doentes colonizados e doentes infetados por este tipo de a klebsiella”, o responsável referiu que os infetados “têm uma cultura num produto biológico positiva”, devendo ser tratados com os antibióticos disponíveis, enquanto os doentes colonizados, embora possam registar “uma cultura positiva num dos produtos biológicos”, não têm qualquer “manifestação clínica da infeção”.
Os doentes colonizados pela bactéria não devem ser tratados com antibióticos, “mas tal como os infetados, devem ser objeto de medidas de isolamento e do controlo”, concluiu.
Nos CHUC “estamos a tomar todas as medidas adequadas, usando da capacidade de vigilância que um hospital desta envergadura indiscutivelmente dispõe para termos a capacidade de permanentemente tranquilizar os nossos cidadãos acerca desta circunstância clínica”, assegurou José Pedro Figueiredo.
Sobre as vítimas mortais ali registadas em janeiro deste ano, o diretor clínico do CHUC disse que só três óbitos são atribuíveis à infeção por klebsiella produtora de carbapenemases”.
“Temos seis óbitos [em janeiro] nos quais os doentes estavam colonizados, mas só em três desses é que podemos atribuir o desfecho fatal à infeção por klebesiella”, assegurou.
O diretor clínico do CHUC sustenta que estes casos não configuram “a situação técnica de surto”.
O CHUC está a fazer rastreio, “procedendo a análises sistemáticas de todos os contactantes [com doentes afetados pela bateria] e, naturalmente, a fazer mais análises dirigidas para esta circunstância, mas não se trata de surto na definição técnica” do termo, afirmou.
Ministro assegura que foram tomadas medidas em casos de bactéria resistente em Coimbra
O ministro da Saúde disse hoje, em Sintra, que as autoridades de saúde acionaram medidas "profiláticas e preventivas" para resolver os casos de 21 doentes internados no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) com a bactéria multirresistente "klebsiella pneumoniae".
"É uma situação importante, naturalmente ocorre em ambiente hospitalar, são episódios que têm alguma frequência ao longo do tempo e as autoridades de saúde e o próprio hospital estão a acionar as medidas, digamos, profiláticas e preventivas que tenderão a corrigir a situação", disse o ministro Adalberto Campos Fernandes.
O ministro da saúde, que falava no decurso de uma visita à Câmara de Sintra, admitiu que os hospitais "terão sempre de ter mais meios financeiros em todo o tempo, não hoje, daqui a cinco anos ou daqui a 10 anos, mas têm também de ter melhor organização e melhor gestão".
"Eu faço um apelo muito grande em que se invista tanto nos recursos financeiros como se invista na qualidade das competências de gestão e competências de direção", frisou o governante.
O CHUC detectou a bactéria "klebsiella pneumoniae", responsável pelo surto do ano passado no Hospital de Gaia, em 21 doentes internados na instituição, confirmou hoje o hospital em conferência de imprensa.
A informação foi inicialmente avançada pelo Jornal de Notícias, que falava em 24 doentes, mas três já tiveram alta.
Lusa/Jornal Médico