O número de transplantes diminuiu em 2018 em Portugal, ano em que se registou a média mais elevada de sempre na idade do dador (57,3 anos), foi hoje divulgado no Centro de Sangue e Transplantação de Coimbra.
Segundo a coordenadora nacional de transplantação, Ana França, em 2018 foram colhidos 976 órgãos e realizaram-se 757 transplantes, menos 102 do que em 2017.
Na apresentação da atividade de doação e transplantação de órgãos, tecidos e células, a responsável salientou que no ano passado o tempo de espera para um doente ser transplantado diminuiu 3% e o que número de óbitos de doentes à espera de transplante diminuiu 2,9%, o que considerou "um dos valores mais baixos a nível internacional".
Em 31 de dezembro existiam 2.186 pessoas à espera de um transplante, a maioria de rins.
Segundo Ana França, 53% das pessoas que aguardam por um rim são transplantadas em menos de dois anos.
A ministra da Saúde, Marta Temido, que participou na sessão, sublinhou que "os resultados apresentados mostram bem que Portugal continua a ter uma posição cimeira relativamente à transplantação. Vale a pena sublinhar que Portugal continua a ser o segundo país com melhores resultados nesta área".
Numa análise às causas da diminuição do número de transplantes, Marta Temido disse que o país não deixa de se "ressentir daquilo que é a tendência generalizada para o envelhecimento da população e, portanto, de alguma forma, de dadores com mais idade e menor possibilidade de doação".
"Por outro lado, também se regista alguma evolução terapêutica em algumas áreas, como a hepatite C ou mesmo a paramidoilose, que têm conduzido a uma menor necessidade [de transplantação], e estas serão as duas prováveis causas para estes números", referiu.
"Existem novos desafios, novas possibilidades de transplantação, novas técnicas, novas realidades, e é isso que temos de adotar se queremos continuar na vanguarda e a salvar vidas graças a estes progressos", adiantou.
A ministra da Saúde disse ainda que merece "atenção e reflexão" o diferente desempenho dos vários hospitais integrados no Serviço Nacional de Saúde relativamente aos seus resultados de doação de órgãos.
"Não deixa de motivar a maior reflexão, verificarmos que, por exemplo, os hospitais mais de fim de linha, como os universitários, tenham resultados muito assimétricos", sublinhou.
Os últimos meses foram vividos por todos nós num contexto absolutamente anormal e inusitado.
Atravessamos tempos difíceis, onde a nossa resistência é colocada à prova em cada dia, realidade que é ainda mais vincada no caso dos médicos e restantes profissionais de saúde. Neste âmbito, os médicos de família merecem certamente uma palavra de especial apreço e reconhecimento, dado o papel absolutamente preponderante que têm vindo a desempenhar no combate à pandemia Covid-19: a esmagadora maioria dos doentes e casos suspeitos está connosco e é seguida por nós.