Sepsis: Uma morte a cada quatro segundos em todo o mundo
DATA
16/09/2019 11:43:10
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Jornal Médico
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Sepsis: Uma morte a cada quatro segundos em todo o mundo

Estima-se que a sepsis seja responsável por mais de seis milhões de mortes por ano em todo o mundo (uma morte a cada quatro segundos).

Trata-se de uma inflamação sistémica causada por uma infeção como resposta aguda do sistema imunitário a uma infeção grave. As condições mais graves obrigam a longos períodos de internamento hospitalar e causam morbilidade e mortalidade elevadas. No âmbito do Dia Mundial da Sépsis (www.worldsepsisday.org), assinalado a 13 de setembro, recorda-se a importância da prevenção e do diagnóstico atempado.

A prevenção da sepsis passa por prevenir as infeções. O risco de sepsis pode ser reduzido, principalmente em crianças, quando respeitado o calendário de vacinação. Uma higiene adequada das mãos e cuidados com o equipamento médico podem ajudar a prevenir infeções, inclusive hospitalares, que originam a sepsis.

A maioria dos microrganismos pode causar uma infeção que origina a sepsis, incluindo bactérias, fungos, vírus e parasitas. No entanto, esta também pode ser causada por infeções pelo vírus da gripe, dengue e outros patógenos altamente transmissíveis, como ébola ou febre amarela.

Entre os principais sintomas de sepsis, destacam-se: fala arrastada ou confusão; tremor extremo ou dor muscular; febre; não urinar durante o dia; falta de ar; pele manchada ou sem cor.

A sepsis causa problemas na coagulação do sangue, na irrigação de órgãos vitais como o cérebro, coração ou rins, disfunções orgânicas graves. A eficácia do tratamento depende muito da rapidez do diagnóstico. A taxa de mortalidade aumenta, portanto, nos casos em que o diagnóstico é mais demorado e, sobretudo, nos casos em que o doente tem o sistema imunitário debilitado ou uma doença crónica.

Mesmo após a alta hospitalar, as consequências da sepsis podem permanecer. Os efeitos a longo prazo incluem danos permanentes nos órgãos afetados, assim como incapacidade física e cognitiva, estados de tristeza, dificuldade em deglutir, fadiga e fraqueza muscular, dificuldade em dormir, problemas de memória, dificuldade de concentração, ansiedade são alguns dos sintomas que se podem manter para o resto da vida.

Os especialistas referem que não existem dados fidedignos atuais sobre este problema referentes a Portugal. O estudo nacional mais recente (INFAUCI) foi publicado em 2014 e analisou doentes admitidos em 14 serviços de Medicina Intensiva dispersos pelo país para tentar avaliar o impacto da presença ou ausência de infeção nesta população. Este trabalho mostra que quase metade das admissões nos serviços de Medicina Intensiva são motivadas por quadros de infeção e que mais de 60% destes vêm da comunidade. Dos doentes admitidos com infeção, cerca de 50% apresenta-se com choque séptico (a forma mais grave de sepsis) e nestes casos a mortalidade é de quase metade (48,8%). Do total de 3.766 doentes incluídos, 1.652 tinham infeção no momento da admissão. Destes 1.652, 628 (38%) vieram a falecer durante o internamento.

Também a nível mundial não existe um conhecimento detalhado sobre a epidemiologia da sepsis, particularmente ao nível da sua ocorrência em países menos desenvolvidos. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a nível global, existam cerca de 30 milhões de casos anuais e cerca de 6 milhões de mortes. 

Adicionalmente, há consequências a longo prazo que se estendem muito para além do período de doença aguda, pelo que o impacto social desta síndrome não pode ser avaliado apenas com base no número de mortes anuais, sendo também preciso medir as sequelas a médio/longo prazo que se observam nos sobreviventes e que frequentemente condicionam necessidades acrescidas (p. ex.: internamento em unidades de cuidados continuados ou de apoio de cuidadores). 

O (Des)alento da Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde
Editorial | Joana Torres
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