A Associação de Médicos pela Formação Especializada queixou-se ontem de ainda haver 1.088 candidatos sem colocação nas vagas de especialização – 550 desistiram e 538 não tiveram hipótese de escolha.
Este ano, foram a concurso 1759 formados portugueses pela primeira vez, 93 especialistas na procura de mudar de especialidade e 790 médicos sem especialidade. O último colocado obteve uma nota de 57% na Prova Nacional de Seriação.
A procura está acima da oferta: segundo o mapa oficial (de 4 de outubro) de capacidades formativas para novos médicos especialistas, havia 1.297 vagas para especialidades hospitalares, 491 para medicina geral e familiar, 36 para saúde pública e seis para medicina legal.
De acordo com os dados da associação, dentro dos indivíduos formados pelas escolas médicas portuguesas, um em cada quatro não obteve colocação na primeira candidatura. A percentagem aumenta para 63% quando se observa o caso dos formados no estrangeiro.
O aumento do número de vagas para o internato no próximo ano (1.830), com o Centro Hospitalar Lisboa Norte a ter novamente formação em otorrinolaringologia e pneumologia, não foi suficiente.
Face a este panorama, a associação afirmou na sua página de Facebook que “são necessárias medidas urgentes para enfrentar esta situação. Não há tempo para mais uma legislatura sem soluções”.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.