Covid-19: Investigadores da CUF apuraram que 85% a 90% dos doentes em processo de cura desenvolveram anticorpos
DATA
09/06/2020 09:43:12
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Jornal Médico
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Covid-19: Investigadores da CUF apuraram que 85% a 90% dos doentes em processo de cura desenvolveram anticorpos

O artigo “Qualitative serology in patients recovered from SARS CoV 2 infection”, assinado por uma equipa de investigadores do Hospital CUF Porto, revela que 85% a 90% das pessoas que tiveram a doença Covid-19 e estão em processo de cura desenvolveram anticorpos.

A conclusão foi apurada a partir de um teste qualitativo para determinação de anticorpos e o estudo foi recentemente publicado no Journal of Infection, órgão de comunicação científica oficial da British Infection Association.

Segundo o coordenador de Medicina Interna no Hospital CUF Porto e um dos investigadores envolvidos no estudo, Paulo Bettencourt, “é fundamental perceber de que forma o organismo humano se adapta e reage após a infeção e um dos aspetos primordiais é saber quantos de nós desenvolvem anticorpos para a Covid-19”.

“Com essa informação poderemos avaliar o risco de reinfeção, que é algo ainda bastante desconhecido, e perceber qual é o grau de imunidade que as pessoas adquirem após contacto com o vírus”, esclarece.

O investigador relembra que, sobre este tema, a literatura é escassa, existindo “apenas alguns artigos chineses” que sugerem resultados similares aos do estudo português.

O artigo “Qualitative serology in patients recovered from SARS CoV 2 infection” é, assim, considerado um avanço decisivo para a comunidade científica, sendo que a equipa de investigadores ambiciona dar um contributo “ainda maior”.

“O nosso trabalho, além de divulgar esta informação importantíssima, valida este instrumento [teste qualitativo para determinação de anticorpos] como um método para averiguar a frequência de exposição ao vírus na população”, garante Paulo Bettencourt.

Neste sentido, o investigador conclui: “É nessa perspetiva que vai determinar e dar informação muito importante sobre a Taxa de Ataque Secundário: isto é, vamos saber em cada família, dos conviventes com doentes, quantos foram infetados. Este número esclarece-nos, por um lado, sobre o comportamento do vírus e a sua taxa de infeção em ambientes em que a sua prevalência é elevada; por outro lado, ajuda-nos a saber mais sobre a imunidade que a população está a desenvolver para a Covid-19”.

Desenvolvido em parceria com o Centro Hospitalar de S. João e financiado pela Fundação La Caixa, o estudo está em fase de conclusão e pretende trazer  “informação decisiva” à comunidade científica, no combate à doença, já que “ninguém tinha olhado para o problema por este prisma”, remata Paulo Bettencourt.

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