Filipe Froes, pneumologista e coordenador do gabinete de crise covid-19 da Ordem dos Médicos (OM), esteve ontem à noite em entrevista na Edição da Noite da Sic Notícias, e afirmou que o objetivo, nesta fase da pandemia em Portugal, é fazer testes rápidos precoces e identificar os portadores assintomáticos do Covid-19.
Segundo o pneumologista agora deve-se “Cerrar fileiras até à vacina e rentabilizar ao máximo todas as pequenas interações que podem ter impacto na transmissão do vírus na comunidade. Isso deve ser feito através da obrigatoriedade do uso da máscara de proteção mesmo em espaços públicos abertos e de uma mudança na política de rastreio e testagem, no sentido de detetar o que nos fez falhar até agora”.
“Foram os assintomáticos que mantiveram a atividade toda no país. Temos de ir ativamente atrás dos assintomáticos e isso faz-se fazendo testes rápidos precoces e em tempo útil a todos os contactos de alto risco de casos confirmados”, declarou o médico.
Na opinião do consultor da Liga Portuguesa de Futebol, é necessário que haja “uma mudança na abordagem dos testes, para tentar aguentar a vida económica e social com menos impacto”.
Para Filipe Froes é necessário que se comecem a realizar em Portugal testes mais rápidos, como os que estão a ser usados em Espanha e nos EUA.
“Existem testes no mercado, para saber quem é infecioso, que custam 5-6 dólares. Podem ser feitos na saliva. Demoram entre meia hora a uma hora [a apresentar o resultado]. Por isso temos de fazer três coisas: comprar, saber como é que se fazem e pôr a nossa academia a fazer esses testes”, afirmou.
Segundo o pneumologista, “são esses testes que nos permitem manter o máximo de tempo possível toda a nossa vida social e económica aberta”.
Filipe Froes informou ainda que “há um conjunto cerca de 500 mil testes já disponíveis em Portugal, que estão à espera de indicação para ser utilizados”.
“Nós neste momento quando estamos a falar em «testes bons» falamos de testes com fiabilidade de, pelo menos, 80%. Os testes que estão neste momento estão à espera de ser ativados em Portugal têm sensibilidades e especificidades superiores a 95%. E não estão ativos porque estão à espera de autorizações [INFARMED, INSA, ministério] para serem alocados ao melhor sítio para serem utilizados”, disse o clínico.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.