Covid-19: Dados do SINAVE são de vigilância epidemiológica e não científica, afirma DGS
DATA
10/11/2020 11:16:24
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Jornal Médico
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Covid-19: Dados do SINAVE são de vigilância epidemiológica e não científica, afirma DGS

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, esclareceu que os dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) são de vigilância epidemiológica e não científica, com informação que permite acompanhar a epidemia e tomar medidas.

Graça Freitas comentava desta forma, na conferência regular sobre a Covid-19, um estudo assinado por 12 investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, publicado Journal of Epidemiology and Community Health.

O estudo, divulgado pela TSF, conclui que as bases de dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) que têm sido fornecidas à comunidade científica, nos últimos meses, sobre os casos de Covid-19, têm uma qualidade baixa, erros, inconsistências e muita informação em falta.

“Os dados do que estamos a falar não são dados de investigação científica, são dados de vigilância epidemiológica e são obtidos através daquilo que os médicos e os laboratórios preenchem e há parâmetros que vêm muito bem preenchidos e há outros, como em todo o mundo, que vêm menos preenchidos”, explicou Graça Freitas.

Sublinhou ainda que é preciso perceber que numa altura em que há “milhares de casos novos por dia, a grande prioridade de facto é detetar doentes, tratar doentes, isolar contactos e assumir a epidemia”.

“Há um número enorme de casos e de contactos que entram todos os dias que não são perfeitos, no entanto, quero aqui dizer que nós mantemos com a academia uma excelente relação”, realçou Graça Freitas.

Segundo a diretora-geral, os dados são disponibilizados aos académicos, que têm “um papel muito importante na apreciação da qualidade desses dados”.

“Aliás, faz parte da sua função ver as bases de dados, se estão corretamente preenchidas (…) e a própria universidade, a própria academia pode introduzir correções a essa informação e esclarecimentos e melhorar a qualidade dos seus estudos”, sustentou.

A função principal da vigilância epidemiológica é que haja uma “vigilância rápida” que permita às autoridades de saúde acompanharem a epidemia para tomar medidas e por isso se chama “vigilância para ação”.

Por isso, referiu Graça Freitas, “a rede da academia tem sido um parceiro inestimável sobretudo a melhorar estas bases de dados”.

Segundo a TSF, a lista de falhas apontada no estudo é longa e inclui detalhes caricaturais e outros que revelam problemas mais estruturais na parte da base de dados do SINAVE - aquela que é preenchida pelos médicos - que foi a única que a DGS aceitou enviar aos investigadores.

Por exemplo, casos de um doente com 134 anos e três homens classificados como 'grávidos', bem como 19 doentes que supostamente teriam tido a doença antes do primeiro caso que se sabe que foi diagnosticado em Portugal.

Há ainda meses com muito menos doentes do que os revelados nos boletins diários da DGS e outros meses com mais.

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