A Associação Portuguesa de Cuidados de Saúde ao Domicílio (APCSD) e a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP-NOVA), realizaram um estudo, o primeiro no mundo, sobre o impacto da prescrição eletrónica médica destinada aos Cuidados Respiratórios Domiciliários (PEM-CRD), nos doentes, no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e nos prestadores de Cuidados Respiratórios Domiciliários (CRD).
O estudo, realizado ao longo dos últimos dois anos, analisou as PEM-CRD emitidas entre 2014 e 2018 no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) e permitiu confirmar que a implementação da ferramenta de prescrição digital PEM-CRD e, a consequente desmaterialização do processo administrativo que lhe está associada, aumentou a eficiência e a transparência do sistema e a otimização de processos, e tornou possível a obtenção de dados muito úteis à compreensão do modelo de prestação dos CRD.
Além de permitir monitorizar a evolução da prevalência de terapias, a análise à PEM-CRD permitiu identificar janelas de oportunidade para melhorar substancialmente o percurso do doente em tratamento crónico com terapias respiratórias domiciliarias.
Este estudo veio mostrar, por um lado, que os doentes ainda estão muito dependentes dos contextos hospitalares para renovarem a sua prescrição e, por outro, que existem doentes sujeitos a mais do que uma terapia de CRD.
As oportunidades de melhoria centram-se, nomeadamente através da criação de um programa integrado de gestão do doente respiratório crónico, uma vez que, atualmente, a renovação das prescrições ainda é feita em diferentes momentos e em diferentes contextos clínicos (hospitalar e cuidados de saúde primários), porque é feita de acordo com a terapia prescrita e não de acordo com a situação clínica do doente.
Através da informação obtida na base de dados da PEM-CRD e da análise da prevalência e do número de prescrições de pessoas com doenças respiratórias crónicas, que receberam cuidados respiratórios ao domicílio na área metropolitana de Lisboa no período 2014-2018, os resultados demonstraram que:
O facto de a maioria das prescrições dizerem respeito a doentes em ventilação domiciliária deve-se, sobretudo, à faixa etária da população, à elevada prevalência de obesidade e, ainda, ao investimento no diagnóstico precoce da síndrome da apneia do sono, apesar de existirem poucos estudos epidemiológicos em Portugal relacionados com esta patologia.
O estudo resultou de uma análise retrospetiva secundária da base de dados da PEM-CRD entre 2014 e 2018, relativa às prescrições de utentes de CRD residentes na área geográfica de influência do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC).
Mais detalhes sobre a metodologia podem ser encontrados em https://www.mdpi.com/2071-1050/12/23/9859
Era 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde declarou o estado de Pandemia por COVID-19 e a organização dos serviços saúde, como conhecíamos até então, mudou. Reorganizaram-se serviços, redefiniram-se prioridades, com um fim comum: combater o SARS-CoV-2 e evitar o colapso do Serviço Nacional de Saúde, que, sem pandemia, já vivia em constante sobrecarga.