Investigadores portugueses descobrem molécula que pode prever a evolução dos doentes com Covid-19
DATA
23/02/2021 17:51:34
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Jornal Médico
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Investigadores portugueses descobrem molécula que pode prever a evolução dos doentes com Covid-19
Um estudo do ICVS da Escola de Medicina da Universidade do Minho procurou perceber se os valores de uma molécula no sangue podem indicar um pior prognóstico nos doentes e descobriu que a interleucina-6 (IL-6), pode ajudar a guiar o tratamento e a prever o desenvolvimento de complicações relacionadas com a Covid-19.

 

A equipa, que publicou o artigo científico no qual descrevem as conclusões na ‘Frontiers in Immunology’, percebeu que as subidas dos níveis desta molécula estão associados a uma maior gravidade da doença.

“Em fase de pandemia, a utilização de um biomarcador [IL-6] que possa informar se nas 48 horas seguintes o doente vai melhorar ou piorar, pode ser uma ajuda crucial na definição de um nível de cuidados e de vigilância para cada doente, otimizando-se a gestão de recursos hospitalares que é crítica nesta fase”, explica um dos investigadores e médico internista no Hospital de Braga, André Santa Cruz, em comunicado.

De acordo com os investigadores, a IL-6 já tinha sido previamente associada como um marcador de Covid-19, mas a maioria dos estudos prévios fazem a avaliação do doente à entrada do hospital.

“Nós fizemos o seguimento durante toda a hospitalização. E isto permite-nos, através dos níveis da IL-6, prever o que vai ocorrer”, explica o investigador do ICVS, Ricardo Silvestre.

Num estudo com 46 pacientes, a análise laboratorial conseguiu notar diferenças. “O doente passa por vários momentos durante o seu internamento. Há doentes que começam logo a melhorar, outros que têm uma fase de agravamento e depois melhoram, e há um conjunto de doentes que piora progressivamente”, contextualiza André Santa Cruz.

“Percebemos que a IL-6 tem esse dinamismo de acompanhar o curso da infeção ao longo do tempo e isso permite-nos perceber que a subida da IL-6 se dá em fases concretas – habitualmente entre o 7.º e o 10.º dia de sintomas– e é limitada no tempo. A grande vantagem é que existem fármacos no mercado que podem antagonizar a IL-6, diminuindo essa inflamação excessiva [que cria complicações]”, conclui.

Ana Frias (investigadora do ICVS), André Santa Cruz (médico internista no Hospital de Braga e investigador do ICVS) e Ricardo Silvestre (investigador do ICVS) fazem parte da equipa que avaliou a capacidade desta molécula.

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Editorial | Joana Torres
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