Cientistas desenvolvem verniz inteligente para combater infeções hospitalares
DATA
17/05/2021 15:53:58
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Jornal Médico
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Cientistas desenvolvem verniz inteligente para combater infeções hospitalares

Uma equipa multidisciplinar de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um verniz para combater as infeções hospitalares, que elimina bactérias em apenas 15 minutos.

O “verniz inteligente” destaca-se pela sua “elevada atividade antimicrobiana, que é ativada por ação de luz branca, inócua para o ser humano”, conforme comunicado enviado. Esta inovação foi desenvolvida por uma equipa liderada por Jorge Coelho e Paula Morais, no âmbito do projeto de investigação “SafeSurf”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e teve a participação de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Com os seus resultados publicados na revista científica ACS Applied Materials & Interfaces, o projeto passou por três fases. Primeiro, os cientistas desenvolveram e testaram uma nova geração de polímeros catiónicos com propriedades antimicrobianas contra várias espécies de bactérias. De seguida, procuraram um fotossensibilizador com atividade fotodinâmica à superfície, tendo sido utilizado um composto natural que é produzido por plantas, a curcumina.

A equipa de investigadores observou que a atividade antimicrobiana dos polímeros aumentou de forma significativa, permitindo matar um maior número de bactérias em menos tempo, quando combinaram os polímeros catiónicos com a curcumina.

“Quando juntámos os dois sob a ação da luz branca, verificámos que as bactérias morriam passado muito pouco tempo. As várias experiências realizadas em superfícies mostraram que, em apenas 15 minutos de exposição, estes dois compostos combinados reduziam mil vezes o número de bactérias gram-positivas e gram-negativas, como por exemplo, a Escherichia coli. Ou seja, numa ação conjunta, os dois materiais provocam stresse oxidativo nas bactérias, eliminando-as de forma eficaz e segura”, afirmam Jorge Coelho e Paula Morais.

A grande inovação, segundo os coordenadores do projeto, reside no facto de “conseguirmos incorporar estes dois compostos num verniz de formulação industrial de base poliuretano, utilizando condições industriais”. E isso confere ao verniz uma inovadora “funcionalidade antibacteriana, facilitando assim a sua introdução no mercado. A formulação do verniz contendo os polímeros catiónicos e o fotossensibilizador constituiu uma etapa do projeto de elevada complexidade que foi realizada pelos nossos colegas da FEUP”.

Os investigadores salientam que os revestimentos de superfície inteligentes que apresentam vários mecanismos de atividade microbiana surgiram como uma abordagem avançada para prevenir as infeções hospitalares.

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Editorial | Joana Torres
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