Um estudo, hoje divulgado, concluiu que os profissionais de saúde são o ponto mais forte do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que merece ser valorizado segundo os utentes. Aponta ainda que o acesso e tempos de espera são aspetos a melhorar.
De acordo com o Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela Nova Information Management School (NOVA-IMS), a que a Lusa teve acesso, a perceção da qualidade dos serviços melhorou na maioria das determinantes avaliadas, tendo apenas piorado, em 2020, a facilidade de marcação e/ou admissão.
"Naturalmente que podemos dizer que este aumento da satisfação e da confiança dos utilizadores pode ser induzida por dois aspetos: pela expressão efetiva que eles tiveram, que foi de facto de uma resposta de qualidade, mas também pode ter sido parcialmente pela imagem que o SNS criou relativamente à resposta à crise pandémica", disse à Lusa o coordenador do estudo, Pedro Simões Coelho.
O trabalho, desenvolvido pela NOVA-IMS em colaboração com a farmacêutica AbbVie, avaliou não só a evolução da sustentabilidade do SNS, mas também o serviço do ponto de vista do utilizador.
Identificou possíveis áreas prioritárias de atuação, além de procurar compreender os contributos económicos e não económicos do SNS, nomeadamente no que diz respeito ao estado de saúde dos portugueses e participação no mercado laboral. Este ano avaliou inevitavelmente, também, o impacto da pandemia no âmbito deste serviço público.
O estudo mostra ainda que, globalmente, os utentes consideram o custo do SNS mais adequado, assim como o preço que pagam pelos medicamentos. Apenas 19% consideram que o valor das taxas moderadoras é inadequado.
Segundo os dados hoje divulgados, 10,4% dos episódios de urgência não se realizaram devido aos custos associados (transportes ou taxas). O mesmo aconteceu com 3,9% das consultas externas e 2% das consultas com um médico de clínica geral ou médico de família num centro de saúde. Quanto aos exames de diagnóstico, ficaram por realizar 1,3% pela mesma razão.
Os dados mostram, além disso, que baixou de 13,5 para 9,5 a percentagem de utentes que, por questões financeiras, não compraram algum dos medicamentos prescritos pelo médico.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.