A ministra da Saúde, Marta Temido, identificou a falta de médicos nas urgências como “a ponta de um iceberg”. Na ótica da governante também é necessário fixar e captar médicos para os Cuidados de Saúde Primários (CSP) - uma situação que tem vindo a ser descrita como preocupante pelos especialistas destas áreas.
“É um problema complexo que não se vai resolver com algumas contratações. Essa parte procuraremos fazê-la garantidamente de forma a que libertemos mais disponibilidade afetiva e emocional das equipas para se dedicarem à reorganização e se manterem”, afirmou Marta Temido.
“Temos cerca de 300 médicos de família que continuaram a trabalhar para além da aposentação. O número de pessoas sem médico de família é o mesmo desde 2015. O problema de não atribuição de médicos de família não é um exclusivo do sistema de saúde português. Não é fácil captar médicos em outros países”, apontou.
De forma a combater as principais falhas nos cuidados primários, que podem levar à sobrecarga das urgências, “o plano é diversificar a resposta da equipa, acrescentando outros técnicos, bem como psicólogos e nutricionistas”. A ministra da saúde sublinhou ainda que a cobertura em enfermeiro de família passou de 69% em 2015 para 85% em 2021.
Marta Temido conclui assim que as urgências “são a ponta do iceberg visível destas disfuncionalidades e que muito mais vezes do que gostaríamos dão azo a notícias por todo o país sobre serviços que deixam de ter escala completa para responder às necessidades. Isso está identificado”.
O início da segunda década deste século, foram anos de testagem. Prova intensa, e avassaladora aos serviços de saúde e aos seus profissionais, determinada pelo contexto pandémico. As fragilidades do sistema de saúde revelaram-se de modo mais acentuado, mas por outro lado, deu a conhecer o nível de capacidade de resposta, nomeadamente dos seus profissionais.