Sucesso no tratamento da dor depende da simbiose entre a equipa multidisciplinar e o doente
DATA
20/10/2022 10:36:12
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Jornal Médico
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Sucesso no tratamento da dor depende da simbiose entre a equipa multidisciplinar e o doente

Sendo o corpo humano um sistema cuja saúde física é tão importante quanto a mental, “Viver com dor” é a realidade de muitos. Nesse sentido, a Fundação Grünenthal promoveu um debate que reuniu especialistas, um testemunho na primeira pessoa, culminando ainda na entrega dos prémios em investigação na dor. O evento decorreu terça-feira, 18 de outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Transversal a qualquer gabinete médico, a dor, seja ela mental ou física, “tem de ser reconhecida por todos os profissionais”, salienta Cristina Catana, psicóloga clínica no Centro Multidisciplinar de Dor do Hospital Garcia da Orta. Para isso, a solução pode passar pela “contratação de mais profissionais de saúde, ou maior sensibilização de todos eles, mesmo que não trabalhem diretamente com a dor crónica”.

Para o sucesso do tratamento, o doente não depende apenas de ajuda profissional, há muito que ele próprio também pode fazer por si mesmo, começando por se “envolver naquele que é o seu tratamento, adquirir o máximo de conhecimentos que conseguir e questionar as equipas que o tratam”, garante Ana Pedro, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED).

As implicações sociais também devem ser equacionadas, e nesse sentido, “a dor precisa de ser mais falada, precisa de ter voz, tem de deixar de ser invisível, tem de ter rosto”, acrescenta Cristina Catana.

Com uma linha ténue entre a dor aguda e a dor crónica, dependendo sempre de caso para caso, a mensagem que fica de ambas as especialistas é a de que tudo deve ser feito para permitir que o doente “viva amplamente” e não apenas, “sobreviva”.

No evento realizou-se ainda a cerimónia oficial de entrega de prémios:

Prémio Grünenthal Dor 2021 - "Sensory Neurons have an axon initial segment that initiates spontaneous activity in neuropathic pain", de Mónica Sousa, do i3S da Universidade do Porto.

Bolsa para Jovens Investigadores em Dor 2022“The rostral ventromedial medulla as a key target of the maladaptive response to chronic inflammatory pain”, de Diana Rodrigues, investigadora da Universidade do Minho.

Bolsa de apoio a Projetos de Investigação na Área da Dor 2022 - “Prevalência de variantes genéticas acionáveis em farmacogenes relevantes para a terapêutica antiálgica numa população de doentes com necessidades paliativas”, de Ana do Carmo Campos.

O debate “Viver com dor” moderado pela jornalista Isabel de Santiago, contou também com o atleta olímpico Nelson Évora, que partilhou a sua experiência sobre como lidou e superou a dor no contexto do desporto de alta competição. 

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