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Um grupo de investigadores descobriu, num estudo ao ADN de famílias portuguesas, um novo gene cuja mutação provoca uma forma específica de ataxia, uma doença neurodegenerativa.

Os investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e da University College London (UCL) usaram uma tecnologia desenvolvida recentemente que permite, de uma forma relativamente rápida, a sequenciação de exomas, ou seja, a sequenciação de todos os genes do genoma humano ao mesmo tempo.

A tecnologia foi usada para estudar nove famílias portuguesas com Ataxia Recessiva com Apraxia Ocular (ARAO), identificadas durante um estudo nacional e sistemático em ataxias hereditárias realizado entre 1994 e 2004 em Portugal.

A investigação permitiu identificar um novo gene (PNKP) cuja mutação origina uma forma recessiva de ataxia, uma doença que se caracteriza pela falta de coordenação nos movimentos do corpo.

"Agora que sabemos qual é o gene envolvido na doença, sabemos qual é a via biológica que está afectada e este conhecimento permite focar os esforços para o desenvolvimento de novas terapias, ou para a experimentação de terapias já existentes para doenças relacionadas", afirmou José Miguel Brás, primeiro autor do estudo e investigador na UCL.

O cientista considera "de extrema importância" os estudos nacionais para a identificação de genes associados a formas familiares de doenças pois ajudam no diagnóstico, permitem determinar a existência da alteração genética noutros membros da mesma ou de outra família e podem identificar defeitos moleculares passíveis de serem tratados.

Rita Guerreiro, também investigadora na UCL, vincou o potencial que estes estudos têm para as famílias, mesmo sendo caros.

"Teria todo o interesse ver a continuação destes estudos a nível nacional de recrutamento e caracterização de famílias, não só para ataxias, mas para outras doenças neurológicas também", defendeu.

A descoberta feita pelos cientistas portugueses não terá um efeito imediato para encontrar uma cura para a Ataxia, mas é um passo na identificação de todos os genes que contribuem para estas doenças.

"Como estas famílias fazem parte de um estudo sistemático a nível nacional, sabemos que 30 a 40% tem uma alteração genética ainda por definir e estamos a trabalhar para darmos uma resposta a estas famílias também", referiu Rita Guerreiro.

O artigo, publicado no American Journal of Human Genetics, é resultado de uma colaboração entre o laboratório de José Brás e Rita Guerreiro na UCL, que se centra na investigação sobre doenças neurológicas e o IBMC, no Porto.

"Esta colaboração permitiu estabelecer o diagnóstico molecular nestas famílias e identificar a forma genética mais comum de Ataxia com Apraxia Ocular na população Portuguesa", referiu Isabel Alonso, investigadora no IBMC.

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Investigadores 4

Três equipas de investigação do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto integram um projecto de investigação da doença de Alzheimer financiado pela iniciativa de angariação de fundos La Marató, desenvolvida por um canal de televisão espanhol (TV3).

O projecto onde se inserem as três equipas portuguesas é a Plataforma Drug Discovery do Parc Cientific de Barcelona (PDD-PCB), dedicado à definição de novas estratégias terapêuticas para a doença de Alzheimer.

A investigação é liderada pelo Instituto de Química Avançada da Catalunha (IQAC – CSIC) e é desenvolvido em colaboração com o Centro de Investigação Cooperativa em Biomateriais (CIC biomaGUNE, sediado em San Sebastián), o Centro de Investigações Biológicas (CIB – CSIC, em Madrid) e o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC, no Porto).

Intitulado “Programa de rastreio racional de compostos estabilizadores da união transtirretina-Aß como potenciais fármacos modulares da doença de Alzheimer”, o projecto tem por objectivo a pesquisa de terapias para a doença de Alzheimer, estudando “a interacção entre a proteína transtirretina (TTR) e o peptídeo beta-amilóide a nível computacional e estrutural”, explica o IBMC, em comunicado.

“A TTR é uma proteína extremamente importante para o humano enquanto transportador de determinadas hormonas e de vitamina A, sabendo-se também que desempenha funções no crescimento axonal. Em determinadas circunstâncias ou quando alterada a TTR provoca doenças neurodegenerativas como é o caso da doença dos pezinhos – a paramiloidose”, refere.

No caso da doença de Alzheimer, uma das investigadoras portuguesas envolvidas no projecto, Isabel Cardoso, esclareceu que “a TTR tem um efeito benéfico, sabe-se que se liga ao peptídeo beta-amilóide impedindo a acumulação deste peptídeo no cérebro, situação responsável pela doença”.

As equipas querem estudar “os mecanismos moleculares responsáveis pela função neuroprotectora da TTR, potenciada por compostos estabilizadores. Também está previsto um programa de rastreio de compostos mais eficazes no tratamento e remissão da doença de Alzheimer”.

A equipa multidisciplinar, que inclui cinco instituições, permitirá trabalhar em todas as fases do desenvolvimento inicial de fármacos, “desde o desenho computacional de compostos que interagem com o complexo de proteínas até aos testes em animais, passando pela química médica, a biologia estrutural e os ensaios bioquímicos e celulares”, esclarece o IBMC.

A campanha de recolha de fundos Marató 2013 permitiu canalizar 11 milhões de euros para o financiamento de 44 projectos de investigação de doenças neurodegenerativas.

Ao longo dos próximos três anos, um total de 79 grupos de investigação dedicar-se-ão à criação de novos métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças neurodegenerativas, inteiramente financiados pela Marató 2013.

Em Portugal existe desde 2013 uma iniciativa semelhante, a Maratona da Saúde, que para a segunda edição – 2014 – escolheu a Diabetes como tema central.

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PremioGrunenthalDor2013

O Prémio Grünenthal Dor vai ser entregue, na próxima sexta-feira, a dois grupos de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, anunciaram hoje a Fundação Grünenthal, a Reitoria e Instituto de Biologia Molecular e Celular.

Em comunicado conjunto, aquelas entidades detalham que o prémio de Investigação Básica, no valor de 7.500 euros, foi atribuído ao projecto “Administração intratecal de toxina botulínica do tipo A melhora o funcionamento da bexiga e reduz a dor em ratos com cistite”.

Trata-se de um trabalho da autoria de Ana Coelho, Raquel Oliveira, Ornella Rossetto, Francisco Cruz, Célia Duarte Cruz e António Avelino, do Instituto de Biologia Molecular e Celular e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

“Esta investigação teve como objectivo avaliar se a injecção de toxina botulínica do tipo A na medula espinhal era capaz de diminuir a dor a animais com cistite como modelo de dor visceral”, explica Ana Coelho, investigadora principal do estudo, citada no texto.

Quanto ao Prémio de Investigação Clínica, também de 7.500 euros, o comunicado conjunto indica que foi atribuído ao projecto “Dor crónica e utilização de serviços de saúde – Poderá existir sobreutilização de exames complementares de diagnóstico e iniquidades na utilização de tratamentos não-farmacológicos”, da autoria de Luís Azevedo, Altamiro da Costa Pereira, Liliane Mendonça, Cláudia Camila Dias e José Manuel Castro Lopes, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Em declarações citadas no comunicado, Luís Azevedo considera que este estudo, que “serviu de base para uma avaliação do impacto económico da dor crónica” em Portugal, “poderá vir a constituir-se como uma ferramenta chave para o desenvolvimento de políticas de saúde nesta área”.

Os Prémios Grünenthal Dor, no valor global de 15.000 euros, distribuídos pelo Prémio de Investigação Básica e pelo Prémio de Investigação Clínica, constituem, segundo o comunicado, “o prémio de mais alto valor anualmente distribuído em Portugal, no âmbito da investigação em dor”.

A cerimónia de entrega, a realizar no âmbito das comemorações do Dia Nacional da Luta Contra a Dor, está marcada para sexta-feira, às 17H00, na Aula Magna da Faculdade de Medicina.

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neurónio

Um estudo realizado no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto identificou o transporte de componentes celulares dentro dos neurónios como o alvo principal na regeneração de lesões no sistema nervoso.

O trabalho, publicado na revista The Journal of Neuroscience e a que a Lusa teve acesso, traz à luz novos caminhos para resolver um dos grandes desafios biomédicos: “a razão pela qual os neurónios da espinal medula, ao contrário dos do sistema nervoso periférico, são incapazes de regenerar os axónios (prolongamento de uma célula nervosa que recebe os impulsos nervosos e os transmite a outras células ou órgãos) e ligações perdidas durante uma lesão”.

Segundo Mónica Sousa, que liderou a equipa de investigadores do IBMC, o maior contributo deste trabalho é “identificar o transporte axonal como um alvo importante da investigação em regeneração axonal”, referindo que “poderá ser o futuro no desenvolvimento de terapias com o fim de aumentar a regeneração axonal no sistema nervoso central adulto”.

Os autores do estudo explicam que “a maioria dos neurónios do sistema nervoso central é incapaz de regenerar os finíssimos prolongamentos, chamados axónios, que os ligam a outros neurónios. O caso mais particular é o dos axónios mais longos, que se prolongam desde o cérebro, atravessando a espinal medula, até a zonas longínquas do corpo, em extensões de cerca de um metro”.

“Estes axónios são essenciais para que a informação rapidamente percorra o caminho entre o nosso corpo e o cérebro e vice-versa. As lesões na espinal medula, em consequência de traumatismos, resultam na maioria das vezes na perda de sensibilidade e na perda de capacidades motoras, simplesmente porque os axónios foram cortados. A incapacidade de regenerar esses axónios tem sido uma das frustrações da biomedicina e o principal impedimento à recuperação de muitos acidentados”, acrescentam.

Por isso, os olhos dos investigadores viraram-se para certos neurónios que têm uma dupla posição, ou seja, “têm axónios fora do sistema nervoso central e axónios dentro. Esta dupla posição confere-lhes uma plasticidade interessante, pois recuperam de lesões primárias que sofram na parte periférica, mas não das da parte central. Porém, se sofrerem lesões múltiplas e sequenciais, mostram ter uma capacidade aumentada de regenerar o ramo central. De facto, se tiverem sofrido uma lesão prévia no seu ramo periférico, o ramo central do neurónio também ganha capacidade de regenerar”.

Desde esta observação, referem os autores do estudo, “desdobram-se as buscas para perceber o que se altera no neurónio aquando de uma lesão periférica que lhe permite recuperar uma capacidade que parece perdida no sistema nervoso central”.

O estudo publicado pela equipa do IBMC mostra que, “quando a lesão periférica ocorre, há um aumento global do transporte axonal, nomeadamente de proteínas, organelos e vesículas. Este fenómeno não fica restrito ao axónio periférico lesionado, estendendo-se ao axónio central. Se este último, o axónio central, sofrer uma lesão subsequente, uma lesão da medula espinal, toda a maquinaria necessária a montar a regeneração axonal já estará presente e funcional”, explica Fernando Mar, primeiro autor do trabalho.

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O (Des)alento da Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde
Editorial | Joana Torres
O (Des)alento da Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde

A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.