A Universidade de Vila Real vai investir 12 milhões de euros no desenvolvimento de cinco projetos, nos próximos três anos, que envolvem dezenas de investigadores nas áreas de Economia, Recursos Agroalimentares, Desporto, Turismo, Saúde, Micro e Nanotecnologias.
Os projetos, que contam com financiamento “Norte 2020”, foram submetidos ao abrigo de parcerias estabelecidas entre a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e diversas parcerias públicas e privadas.
“Trata-se de um conjunto de projetos estruturantes que, pela sua dimensão, irão mobilizar um vasto conjunto de recursos humanos internos e contratados, sendo por isso uma grande oportunidade para alavancar a investigação da UTAD e para a sua afirmação no âmbito regional, nacional e internacional”, anunciou hoje o reitor Fontainhas Fernandes.
O projeto “Interact” vai debruçar-se sobre as oportunidades e o potencial produtivo com base na economia local e regional, assentes na produção de carne e leite, vegetais, frutas, azeitonas, nozes, vinho, floresta e flora nativa e plantas medicinais. Trata-se de uma “abordagem integrada”, com vista à implementação de práticas de gestão que promovam o uso sustentável dos recursos existentes e ao aumento da produção e da qualidade de produtos das principais culturas na região Norte, uma iniciativa que conta com a participação de 70 investigadores da UTAD e que vai permitir a criação de cerca de 40 ofertas de emprego na área científica.
O projeto “Deus ex Machina” pretende criar uma relação simbiótica entre os seres humanos e a tecnologia, a fim de obter ganhos de eficiência em diversas áreas. Coordenado pela Associação Fraunhofer Portugal Research, conta como parceiros a UTAD e diferentes universidades do Porto e do Minho. A UTAD integra investigadores do Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano (CIDESD) com o objetivo de monitorizar a atividade física em bombeiros e a atividade física e desportiva em crianças e jovens. Os especialistas do Centro Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), por sua vez, vão desenvolver aplicações tecnológicas para agricultura, que permitam a disponibilização adequada da informação.
O Projeto “NanoSTIMA” é coordenado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), e terá a participação do Instituto de Telecomunicações, da UTAD, e da UP. O objetivo central é explorar o desenvolvimento e a utilização de micro e nanotecnologias no processo de monitorização de parâmetros de saúde e bem-estar da população e envolve investigadores em ciências do desporto e em engenharias.
O Projeto “Dourotur” pretende aumentar o conhecimento sobre a oferta e a procura de produtos e serviços turísticos na região do Douro, avaliar as estratégias de comunicação e definir prioridades para o Marketing Digital. Tem como proponente o Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento da UTAD e integrará cerca de 20 investigadores e irá contratar nove bolseiros.
A Plataforma de Inovação da Vinha e do Vinho, por fim, é um projeto multidisciplinar que envolve investigadores de diferentes especialidades (Climatologia, solos, Ecologia, Viticultura, Fisiologia, Microbiologia, Enologia, Engenharia e Economia) e vai estudar as questões do solo e clima, viticultura, enologia e competitividade. Para esta atividade está prevista uma comissão de acompanhamento exterior à universidade e a respetiva contratação de 36 investigadores, pretendendo-se projetar as competências da UTAD na área da vinha e do vinho a nível internacional.
Universidade de Vila Real anunciou hoje realização de estudos para implantação de “jardins terapêuticos” em espaços hospitalares e instituições sociais, para ajudar nos processos de cura física e mental dos utentes.
O objetivo do projeto, que está a ser desenvolvido por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), é demonstrar a mais-valia destes jardins na promoção da saúde do bem-estar físico, social e psicológico dos utentes.
“As áreas residenciais com jardins de proximidade têm provado ter menor ocorrência de problemas mentais, promovendo a interação social e o sentimento comunitário, oportunidades de escape às atividades diárias exigentes e espaços para exercício físico, bem como oportunidades para restauração mental e alívio do stresse”, afirmou, em comunicado, o professor da UTAD Frederico Meireles.
O investigador acrescentou, ainda, que “as zonas urbanas próximas dos espaços verdes são também mais seguras e menos propensas à violência e ao vandalismo”.
O trabalho da academia transmontana quer, agora, demonstrar a “vocação dos parques e jardins para a regeneração mental e física do ser humano” e provar que, com a sua implementação, se pode conseguir uma “eficiente redução dos custos com a saúde e seguranças das sociedades urbanas”.
O interesse por esta linha de investigação na UTAD foi iniciado pela docente e arquiteta paisagista Sandra Costa, que estudou os espaços terapêuticos e restaurativos, utilizando como caso de estudo o campus do Hospital Pedro Hispano, no Porto.
Nos últimos três anos, Frederico Meireles tem evidenciado a importância destes espaços para as comunidades e o seu contributo para o bem-estar e restauração mental através de trabalhos feitos no âmbito de um projeto de investigação europeu sobre Hortas Urbanas na Europa.
Entretanto, e no âmbito deste projeto, a investigadora Lina Fernandes tem vindo a estudar o caso da quinta da Associação de Paralisia Cerebral de Vila Real, com o objetivo de desenvolver um espaço exterior adaptado às necessidades terapêuticas.
Mais recentemente, o projeto final de mestrado de arquitetura paisagista de Guilherme Fernandes focou o campus da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), em Sabrosa, tendo resultado no projeto de um espaço adaptado a utilizadores com necessidades especiais e com capacidade de auxiliar as terapias no espaço exterior.
Frederico Meireles e Sandra Costa estão também a desenvolver estudos em parques e jardins, focando o comportamento das pessoas, a sua perceção e a relação emocional que estabelecem com os espaços exteriores.
Investigadores da Universidade de Vila Real anunciaram hoje “avanços significativos” na compreensão da doença de Alzheimer, no âmbito de um estudo que apresenta novas formas de diagnóstico e de tratamento e foi premiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.
O projecto está a ser devolvido há três anos e é coordenado por Romeu Videira, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), contando com a colaboração de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra e da Universidade de Aveiro.
Romeu Videira afirmou hoje, em comunicado, que o projecto “desvenda novos mecanismos bioquímicos no cérebro subjacentes à doença de Alzheimer, que ocorrem antes do declínio cognitivo e antes das tradicionais marcas patológicas associadas à doença”.
Esta investigação identificou também um “conjunto de alterações bioquímicas que ocorrem no tecido muscular esquelético e que se correlacionam com a progressão das alterações patológicas no cérebro, possibilitando o diagnóstico das diferentes fases da doença através de biópsias ao tecido muscular esquelético”, acrescentou o investigador.
Para a realização do estudo foram utilizados “ratinhos geneticamente modificados, que desenvolveram a patologia de forma progressiva, tal como os pacientes humanos”.
“Utilizando animais em idades pré sintomáticas e características de duas etapas da doença, a investigação desenvolvida mostrou que, muito antes de surgirem os primeiros sinais e sintomas da doença, ocorre uma deficiência nos processos de geração de energia ao nível das mitocôndrias, localizadas nos terminais dos neurónios, e estritamente associada a uma desregulação no metabolismo dos lípidos” afirmou o responsável.
Romeu Videira acrescentou que “este défice energético começa por comprometer a comunicação entre os neurónios nas regiões afectadas e, com o avanço da idade, expande-se promovendo o processo neuro degenerativo característico da doença”.
Esta investigação mostrou também que a doença de Alzheimer não é específica do cérebro dado que, segundo explicou, “alterações metabólicas são também detectadas em tecido muscular esquelético”.
Por causa disso, os investigadores propõem que a doença de Alzheimer “deva ser considerada uma doença metabólica sistémica, isto é, que afecta todo o corpo”.
Esta visão da doença traz consigo a vantagem de, conforme referiu, “permitir compreender a perda progressiva de massa corporal exibida por muito dos pacientes e abre a possibilidade de se conseguir um diagnóstico efectivo das diferentes etapas da doença através de biópsias ao tecido muscular esquelético”.
Actualmente, a confirmação da doença é efectuada através de uma análise pós-morte ao cérebro, onde é “verificada a presença de placas senis e tranças neurofibrilares”.
Os estudos desenvolvidos permitem não apenas apresentar “novas estratégias de diagnóstico”, mas também “novas formas terapêuticas, entre as quais, as que recorrem aos nano materiais”.
Segundo Romeu Vieira, pretende-se evitar a progressão da doença de Alzheimer usando “formulações de lipossomas com nano partículas de carbono multifuncionais para restaurar a funcionalidade da mitocôndria”.
Este estudo contou com um financiamento de cerca de 96 mil euros por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que foi concretizado até Junho deste ano, e foi recentemente premiada pela Fundação Calouste Gulbenkian com 12.500 euros.
O prémio da Gulbenkian divide-se em duas componentes. Parte do financiamento é destinado à investigação e 2.500 euros são para a aluna de mestrado da UTAD Andreia Veloso, que apresentou o projecto “Targeting brain mitochondria by carbon dots” e que integra a equipa que estuda a doença na academia transmontana.
[caption id="attachment_5174" align="alignleft" width="300"] A ideia é dar maior dimensão a serviços que já existem. É também criar um local de referência onde as pessoas necessitadas se possam deslocar para experimentar equipamentos e de onde possam ser encaminhadas para outras instituições[/caption]
a ideia é ampliar e melhorar esse mesmo serviço e, para isso, vai ser lançado um desafio à Câmara de Vila Real, à Segurança Social, ao Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e a organizações não governamentais.
“A ideia é dar maior dimensão a serviços que já existem. É também criar um local de referência onde as pessoas necessitadas se possam deslocar para experimentar equipamentos e de onde possam ser encaminhadas para outras instituições”
A Universidade de Vila Real vai desafiar entidades públicas e privadas a associarem-se ao Centro de Tecnologias de Apoio, para melhorar e ampliar o serviço que é prestado a pessoas com necessidades especiais e idosos do distrito.
O anúncio foi feito hoje, em que se assinala o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência e, entre os dias 12 e 14, será feita uma demonstração de como se pretende que o centro funcione.
A iniciativa é organizada pelo Centro de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade (CERTIC) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Francisco Godinho, responsável pelo CERTIC, explicou à agência Lusa que a academia transmontana já presta serviço de apoio a pessoas com deficiência e a idosos desde 2001.
Mas agora, acrescentou, a ideia é ampliar e melhorar esse mesmo serviço e, para isso, vai ser lançado um desafio à Câmara de Vila Real, à Segurança Social, ao Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e a organizações não governamentais.
“A ideia é dar maior dimensão a serviços que já existem. É também criar um local de referência onde as pessoas necessitadas se possam deslocar para experimentar equipamentos e de onde possam ser encaminhadas para outras instituições”, salientou.
Para Francisco Godinho, “estas sinergias poderão tornar Vila Real numa referência e num exemplo a nível nacional”.
No antigo edifício do centro da cidade que era ocupado pela UTAD, vai ser feita uma demonstração temporária do que se pretende que venha a ser esse centro no futuro, disponibilizando centenas de tecnologias vocacionadas para a autonomia de pessoas com deficiência, idosos e acamados, em contextos de habitação, educação, recreação e actividades da vida diária.
Incluirá serviços de informação e aconselhamento, avaliação e demonstração, formação, exposição empresarial, ainda o banco de empréstimo de tecnologias de apoio, reparação e manutenção, bem como engenharia de reabilitação, para personalizar ou conceber algum equipamento.
Esta demonstração conta com cinco salas temáticas: quarto e casa de banho adaptada, cozinha adaptada, produtos para mobilidade, produtos para a comunicação e informação, recreação e lazer.
A iniciativa inclui ainda, no dia 12, o colóquio ”Serviços de Tecnologias de Apoio no Distrito de Vila Real” e uma reunião restrita aos responsáveis de cinco entidades que poderão, numa primeira fase, estar em melhores condições para definir o modelo de gestão e o plano de implementação desta iniciativa conjunta, nomeadamente a UTAD, autarquia, Segurança Social, CHTMAD e Associação de Paralisia Cerebral de Vila Real (APC).
Há mais de uma década que o CERTIC desenvolve a sua actividade orientada para a aplicação da ciência e da tecnologia na melhoria da qualidade de vida das populações com necessidades especiais.
Entre os projectos desenvolvidos estão uma bengala electrónica para ajudar cegos a deslocarem-se na rua, uma aplicação que permite pedir ajuda por telemóvel sem recurso a voz ou o MECBraille - Marco Eletrónico de Correio Braille, que disponibiliza gratuitamente um serviço de conversão e envio de textos e cartas em Braille.
A UTAD foi também pioneira ao abrir há seis anos a primeira licenciatura de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.