“A osteoporose é uma doença silenciosa, mas muito prevalente, que atinge cerca de 10% dos portugueses e com uma tendência a aumentar com o envelhecimento da população”, alertou Tiago Meirinhos, diretor do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. Para o orador da Conferência Tecnimede, que decorreu no âmbito do 39.º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar, no dia 1 de abril, em Aveiro, “está na altura de dar voz a esta nova pandemia”, destacando que “o médico de Medicina Geral e Familiar exerce um papel determinante na intervenção e diminuição” da sua prevalência.
A importância do diagnóstico e tratamento atempado e adequado da osteoporose esteve em foco no simpósio Amgen, que juntou, no dia 31 de maio, no âmbito do 14.º Congresso Nacional do Idoso, Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), e Rafaela Veríssimo, especialista em Medicina Interna no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, numa sessão moderada pelo reumatologista José Canas da Silva.
A Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) alertou que os confinamentos prejudicaram a mobilidade de quem sofre de doenças músculo-esqueléticas e pioraram os casos de osteoporose, doença que afeta acerca de 800 mil portugueses.
O serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) criou, há dois anos, a Consulta de Fraturas de Fragilidade para prevenir refraturas nos idosos, valência que foi recentemente distinguida pela Fundação Internacional da Osteoporose.
A Associação Nacional contra a Osteoporose (APOROS), a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) e a Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas (SPODOM), com o apoio da Amgen e da Infraestruturas de Portugal, uniram-se para contribuir para educação da população sobre a Osteoporose e o risco de fraturas.
No âmbito do Dia Mundial da Osteoporose, que se assinala já amanhã, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) anuncia a criação do Grupo de Centro de Ligação para Fraturas.
Um estudo da Universidade Rovira e Virgili (URV), em Espanha, demonstrou que o consumo habitual de azeite virgem diminui em 51% o risco de fraturas resultantes da osteoporose.
Pelo menos uma em cada dez pessoas que sofrem uma fratura no fémur morre no ano seguinte ao acidente, segundo uma investigação feita por especialistas do Hospital Garcia de Orta.
A apresentar hoje no XVIII Congresso de Reumatologia, que decorre em Vilamoura, este estudo analisou os doentes admitidos ao longo do ano de 2015 no Hospital Garcia de Orta, recorrendo aos registos clínicos para fazer uma avaliação.
De acordo com os dados parciais do estudo, são entre 10% a 20% os doentes que sofrem uma fratura no fémur, que é considerada a principal consequência de quem sofre de osteoporose, a morrer no ano seguinte ao episódio.
Os fatores que surgem associados àquela taxa de mortalidade são a idade avançada, a falta de diagnóstico da doença antes da fratura e a ausência de tratamento para a osteoporose.
Especialistas envolvidos no estudo salientam que as fraturas recorrentes aumentam o risco de vida dos doentes e reforçam que o diagnóstico e tratamento devem ser eficazes e iniciados o mais cedo possível.
Perto de 70% do total de doentes - dos 348 estudados - sofriam de uma ou duas patologias, sendo a hipertensão o problema mais reportado. As fraturas mais frequentes, em 60% das situações, envolveram a região do colo do fémur.
Apenas cerca de cinco por cento dos doentes com fraturas não necessitaram de cirurgia, cerca de um terço precisou de uma cirurgia de substituição articular e em 60% dos casos houve submissão a uma osteossíntese (junção dos fragmentos ósseos com ajuda de parafusos ou placas).
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.