A vacina da febre amarela passa a estar incluída no calendário nacional de vacinação de Cabo Verde. Trata-se de uma medida simbolicamente lançada no âmbito de uma visita ao país da diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), Matshidiso Moeti.
Portugal e Cabo Verde vão criar uma junta médica mista para tornar mais eficiente o processo de envio e tratamento de doentes cabo-verdianos em estruturas de saúde portuguesas, revelou a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, manifestou hoje a disponibilidade de Portugal para apoiar Cabo Verde na instalação do segundo centro de hemodialise do país, na ilha de São Vicente.
Uma equipa de técnicos do Serviço de Cardiologia do Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia realizou com sucesso o primeiro implante de um pacemaker, de acordo com anúncio feito ontem pelo Ministério da Saúde.
Em Cabo Verde apenas um em cada quatro seropositivos comunica a sua situação à família, a maioria revela baixa autoestima e mais de metade opta por não ter filhos e priva-se de relações sexuais.
Cabo Verde prepara-se para se tornar num dos três países candidatos à certificação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) da erradicação de poliomielite, que afeta crianças menores de cinco anos, após um ciclo de 15 anos sem quaisquer registos desta doença infeciosa.
As famílias cabo-verdianas gastam cerca de 23% do seu orçamento com a saúde, avança o Ministério da Saúde deste país africano, indicando que os recursos do Estado para o setor são insuficientes.
“Cerca de 23% das despesas com a saúde provém dos pagamentos diretos das famílias, que já pagam impostos. Temos, portanto, que melhorar esta questão, sob pena de as famílias ficarem empobrecidas”, indicou Serafina Alves, diretora-geral do Planeamento, Orçamento e Gestão (DGPOG) do Ministério da Saúde e Segurança Social de Cabo Verde. A responsável falava à imprensa no âmbito da reunião alargada do ministério que acontece desde segunda-feira e que termina hoje na Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha).
Sem precisar números, Serafina Alves avançou que os cabo-verdianos “gastam imenso” com a sua saúde e que o Estado não tem recursos suficientes para o setor.
“A saúde não tem recursos suficientes, é um grande desafio e um grande problema. Não há recursos para a cobertura universal, ou seja, para que todos tenham acesso à saúde”, sustentou a diretora-geral, dizendo, por isso, que é preciso alocar mais recursos, mas também adotar maior eficiência e rigor na utilização dos já existentes.
Serafina Alves referiu, ainda, que a estratégia para a saúde para os próximos cinco anos, em Cabo Verde, prevê a possibilidade de criação de uma lei para angariação de mais meios através de fontes alternativas, como a taxa do turismo, o fundo do ambiente e aumento da verba que o Instituto de Previdência Social (INPS) comparticipa para o setor.
“Toda a gente tem a consciência que os recursos para a saúde não chegam. O Governo tem esta intenção de procurar mais recursos para o setor, mas o que necessitamos fazer neste momento é retomar essa discussão e ver se o Governo está de acordo com essas fontes de financiamento ou se há outras alternativas”, prosseguiu a responsável, acrescentando que outro fator que tem contribuído para aumentar os custos com o setor da saúde no país é a falta de segurança, principalmente nos grandes centros urbanos.
“Este é um problema grave que nós temos com a saúde. O Hospital Agostinho Neto apresentou números de gastos com a saúde que são demasiado elevados. A falta de segurança no país, especialmente na cidade da Praia, tem trazido muitos problemas para o setor da saúde, porque há muitas agressões, cirurgias, acidentes rodoviários”, lamentou, salientando que também o consumo abusivo do álcool tem representado problemas acrescidos para a saúde em Cabo Verde, país que pretende baixar o nível da taxa de álcool no sangue dos condutores de 0,8% para 0,5% e que em julho lançou uma campanha de prevenção contra o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Serafina Alves, que apresentou o tema sobre os desafios e perspetivas de financiamento da saúde no referido encontro, indicou ainda que outra forma de reduzir os cursos com o setor seria diminuir os exames complementares, que constituem uma área de desperdício.
“Quando é feito um exame e o utente não o vai buscar, estamos a desperdiçar um recurso que poderia ser necessário para outra pessoa que, se calhar, tem mais necessidade”, exemplificou, dizendo que os médicos passam muitos exames complementares que os utentes deixam nas estruturas de saúde.
Cabo Verde lançou, no último sábado, uma campanha nacional de sensibilização e prevenção contra doenças transmitidas por mosquitos que vai decorrer antes, durante e depois da época das chuvas que se aproxima.
A campanha, orçada em 176 mil euros, consiste no reforço das atividades de sensibilização e limpeza dos bairros em todos os municípios do país, que enfrenta uma epidemia do vírus, com quase 7.600 casos suspeitos e 14 casos de microcefalia.
Tendo em conta a epidemia de dengue, (vírus transmitido pelo mesmo mosquito), ocorrida em 2009, que afetou mais de 20 mil pessoas e fez seis mortos e lembrando a atual epidemia da febre-amarela em Angola, um país com frequentes ligações aéreas a Cabo Verde, o que aumenta o risco de transmissão da doença no arquipélago, atualmente vulnerável, o Ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, garantiu que todas as medidas de prevenção estão a ser tomadas, nomeadamente nos aeroportos, através da vacinação dos passageiros e da vigilância e controlo de entradas e saídas, processo que fica a cargo das delegacias de saúde.
O Ministro acredita que as doenças transmitidas por mosquitos são uma "ameaça" mundial e, em particular, em Cabo Verde, uma vez que o país é suscetível ao mosquito e proliferação dos transmissores, acrescentando que estas testam a capacidade de resposta do país e requerem "ações concertadas, incisivas e permanentes" que envolvam todas as entidades nacionais.
Por sua vez, o Ministro do Ambiente, Gilberto Silva, referiu que estas epidemias não causam apenas impacto a nível da saúde, mas também a nível ambiental, provocando ainda um "grande problema económico" ao país, e apelou à necessidade de tomar medidas em termos de melhorias do saneamento básico, gestão dos resíduos sólidos, das águas pluviais, das casas e de informação à população, para que esta seja parte da solução, resolvendo-se os problemas numa “visão holística”.
Já o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, referiu que estas epidemias constituem uma "ameaça à qualidade de vida das pessoas e à economia do país", cujo motor é o turismo. Neste sentido, o responsável afirmou que o processo deve envolver vários parceiros, como a comunicação social, as escolas, as organizações e as associações da sociedade civil, as câmaras municipais, as famílias ou as igrejas, salientando que muitos dos fatores que geram as doenças provocadas por mosquitos se relacionam com comportamentos e atitudes diários de pessoas e empresas, e exortando à intervenção da autoridade municipal.
Para a efetividade do processo, o chefe daquele Governo referiu que, no orçamento de Estado, aprovado há 100 dias, ficou estipulada a transferência de 60% da taxa ecológica para os municípios poderem ter recursos para o saneamento, recolha de lixo e drenagem das águas pluviais.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.