Estamos ainda em pleno Outono e as Unidades de Saúde, que se mantêm desfalcadas de recursos humanos e materiais, acusam já sinais de pressão na acessibilidade, com o aumento da procura por consultas de doença aguda. Diariamente, surgem inúmeras crianças e jovens com sintomas respiratórios e, não raras vezes, vários colegas de turma e elementos da família apresentam um quadro clínico muito semelhante. Os pais, preocupados com os filhos e com a necessidade de justificação para a ausência ao trabalho para os assistir em casa, têm de recorrer ao Médico de Família. A maioria das vezes recorrem logo no primeiro dia de doença, sem sintomas que justifiquem uma avaliação clínica mas precisam da “baixa”… e já agora ficam mais tranquilos se forem auscultados ou se os ouvidos forem observados porque “em tempos foi assim que começou a pneumonia” ou há história de otites no passado.
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Não podemos ser indiferentes ao descontentamento dos médicos nos tempos que correm, nunca vi tantos médicos a dizerem pensar sair ou desistir do que construíram. Desde médicos de família que pensam acabar com as suas USF, por não verem vantagem em continuarem a trabalhar no sentido da melhoria contínua (e até sentirem que os desfavorece) até médicos hospitalares a querer deixar de ser diretores de serviço, sair do sistema público e/ou, até, reformar-se antecipadamente. Tudo o que foi construído parece à beira de, rapidamente, acabar.