A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) atualizou as recomendações nacionais para o tratamento da hiperglicemia na diabetes tipo 2, à luz de estudos que reportam o benefício de recorrer a fármacos com elevada segurança cardiovascular.
A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) alerta para a necessidade de tratar o risco cardiovascular na diabetes tipo 2, uma vez que o risco de mortalidade por eventos cardiovasculares é duas a seis vezes superior nestes doentes.
A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e o Programa Regional da Diabetes da ARS de Centro vão organizar, na próxima sexta-feira, uma reunião formativa dirigida aos profissionais de saúde para analisar o tratamento da diabetes em Portugal, em particular no centro do país.
O encontro “O Coração da Diabetes” é organizado pela Associação Protectora de Diabéticos de Portugal (APDP) e conta com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD).
O Grupo de Estudos da Diabetes e Gravidez da Sociedade Portuguesa de Diabetologia apresentou no 11.º Congresso Português de Diabetes, os resultados anuais do seguimento das grávidas com diabetes gestacional e com diabetes prévia à gravidez.
Segundo os dados recolhidos em hospitais e maternidades portuguesas, agregados no Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes, em 2012 a prevalência da Diabetes Gestacional em Portugal Continental foi de 4,8 % da população parturiente que utilizou o Serviço Nacional de Saúde durante esse ano (um total de 3.482 casos), valor semelhante ao registado no ano transacto.
“De acordo com o Observatório Nacional da Diabetes, e fruto de uma participação crescente dos colegas dos diferentes hospitais e maternidades do país, os dados relativos às grávidas com diabetes gestacional ultrapassaram os 2.700 casos (para 3.482 partos registados pelo Observatório), o que nos permitirá caracterizar estas mulheres e os seus filhos numa proporção muito próxima dos 80 % de todas as grávidas com diabetes gestacional, com parto ocorrido em 2012”, refere Jorge Dores, endocrinologista do Centro Hospitalar do Porto, Coordenador do Grupo de Estudos da Diabetes e Gravidez da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e membro da Comissão Organizadora do 11.º Congresso Português de Diabetes.
Segundo análise dos referidos dados, a idade média materna foi de 32,8 anos, sendo que 28,3 % eram obesas antes da gravidez, o aumento médio de peso na gestação foi de 10,1 kg e 40 % necessitou de insulina como terapêutica complementar ao plano alimentar prescrito. Os partos decorreram em média às 38,3 semanas de gestação, sendo que 36,2 % ocorreram por cesariana e 4,6 % dos filhos nasceram com um peso superior a 4 kg, um dos indicadores de controlo inadequado durante a gravidez.
A análise destes dados, comparando com os registos dos últimos 10 anos, vai possibilitar que adoptemos medidas de aperfeiçoamento de atitudes e de procedimentos que permitam melhorar ainda mais os resultados obtidos e que são já semelhantes aos verificados nos dados internacionais", conclui Jorge Dores.
Cortes na prevenção da diabetes podem sair caros a médio prazo
A prevenção continua a ser a palavra-chave quando se fala de diabetes. A afirmação é do vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia e foi feita no 11.º Congresso Português de Diabetes.
Em Vilamoura, onde decorreu o evento, Rui Duarte, alertou para o facto de cerca de 60 por cento dos gastos com a saúde dos diabéticos em Portugal estarem relacionados com o tratamento de complicações e, “quanto menos as pessoas são vigiadas e têm acesso aos cuidados de saúde, mais complicações vão aparecer”.
Sobre os gastos com o tratamento dessas “complicações”, Rui Duarte disse: “São muitos euros, muito mais que aqueles que se gastariam naquilo que é simples, ou seja, na prevenção que passa pelo bom tratamento e o bom tratamento passa pelos medicamentos e pela acessibilidade aos meios de diagnóstico, mas esses são mais visíveis no orçamento de direcção e mais fáceis de cortar”.
“Acho que a médio prazo poderemos vir a pagar por isso, porque, se as complicações aumentarem, não serve de nada poupar nos custos directos com a medicação, porque vão aumentar os custos com as complicações”, prosseguiu.
Numa edição do Congresso da SPD que dedica uma atenção particular à individualização da terapêutica, Rui Duarte salientou que “não há uma terapêutica que seja boa para todos os diabéticos, mas há terapêuticas que se adequam mais a uns que a outros”, explicou, acrescentando que a diabetes é cada vez menos encarada como uma doença isolada e deve ser encarada de modo diferente, consoante cada doente.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.