No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, que este ano tem como tema “A Mulher e a Diabetes”, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e outros parceiros, promovem um conjunto de iniciativas com o objetivo de sensibilizar a sociedade para o problema da diabetes.
As 640 bombas de insulina destinadas a novos doentes diabéticos, incluindo crianças até aos 10 anos, vão ser disponibilizadas nos próximos dias, de acordo com informação avançada ontem pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).
Uma nova técnica de exame ocular, desenvolvida no Reino Unido, permite detetar os primeiros sinais de glaucoma, de acordo com os resultados de um ensaio clínico ontem divulgados.
Novas terapêuticas para a prevenção e tratamento de problemas cardiovasculares em doentes com diabetes é um dos temas em foco no 13.º Congresso Português de Diabetes que tem início esta sexta-feira, em Albufeira.
O Infarmed distinguiu recentemente dois projetos de investigação da Universidade de Coimbra (UC) na área da Diabetes com o “Fundo para a Investigação em Saúde”.
Portugal é um dos países participantes no mais recente estudo sobre as necessidades (atitudes, desejos, entre outros parâmetros) das pessoas com diabetes, naquela que é considerada a análise de maior dimensão nesta área.
Chegou ontem a Portugal o primeiro medidor de glicose que evita as picadas nos dedos, passos rotineiros na vida de um milhão de pessoas que vive com a diabetes em Portugal. Estima-se que dois milhões de portugueses tenham um risco elevado de vir a desenvolver esta patologia.
O novo dispositivo é constituído por um sensor redondo que mede 35 por 5 milímetros que é instalado na parte posterior do braço e que tem uma duração de 14 dias, medindo em permanência os níveis de glicose intersticial.
Nas palavras do presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, José Luís Medina, considera que este medidor é “a última revolução” no controlo da diabetes, contribuindo para “melhorar significativamente a vida dos doentes”.
Possibilitando fazer várias leituras por dia além de dar ao doente o valor do momento, permite ainda perceber o que se passou nos níveis de glicose nas últimas oito horas e também mostra a tendência de evolução para o futuro.
Este novo medidor de glicose está indicado para todos os diabéticos, inclusivamente para crianças a partir dos 4 anos, mas são os doentes com diabetes tipo 1 e com diabetes tipo 2 menos controlada e que fazem insulina quem mais pode beneficiar, reconheceu José Luís Medina em declarações à Agência Lusa.
Em termos de custos, o kit inicial do aparelho Freestyle Libre tem um custo de 169,90 euros e traz um leitor e dois sensores, pensado para uma utilização de um mês, uma vez que os sensores têm duração de até 14 dias. Cada sensor custa depois 59,90 euros.
Assim, em média, o custo mensal para utilizar este novo medidor ronda os 120 euros, como reconheceu Paulo Sousa, responsável do laboratório que comercializa o dispositivo.
Mas Paulo Sousa defende que a diferença de preço para a normal tecnologia de tiras que obriga a picadas nos dedos não é muito significativa, se não for contabilizada a comparticipação estatal.
Um doente do tipo 1 controla os seus níveis uma média de seis vezes ao dia, consumindo assim uma média de 3,6 caixas de tiras por mês. Cada embalagem de tiras custa menos de 20 euros, o que perfaz um custo mensal de cerca de 80 euros.
Contudo, o utente não paga além de sete euros por mês porque o Estado comparticipa em 85% estes produtos para os diabéticos, além de comparticipar a 100% os tradicionais leitores das tiras que medem a glicémia.
O laboratório que comercializa o Freestyle Libre espera que esta tecnologia venha também a ser comparticipada pelo Estado e adianta que já foram feitas diligências junto das autoridades.
O responsável da Sociedade Portuguesa de Diabetologia defende igualmente que o Estado comparticipe esta tecnologia, adiantando que os doentes estão ansiosos por experimentar.
“Implica maior liberdade e melhor qualidade de vida”, argumenta o médico endocrinologista. E refere que estudos têm demonstrado que este novo método traz uma redução das baixas de glicose e consegue aumentar a adesão à monitorização ou controlo dos níveis, sobretudo para os doentes que têm de picar muitas vezes os dedos.
É o caso de João Nabais, professor universitário que tem diabetes tipo 1 há 35 anos e realiza, em média, oito picadas diárias para medir a glicose. Está agora a experimentar o novo medidor que é hoje lançado em Portugal e identifica para já a facilidade na sua aplicação e na leitura dos resultados.
Em declarações à Agência Lusa, este diabético relata ainda que o medidor é discreto, não se notando a sua utilização, e sublinha como principal vantagem ser um sistema de monitorização contínua que permite ver os perfis de glicémia, percebendo se há tendência ou não de subida.
A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) celebra este ano o seu vigésimo aniversário e, juntamente com esta comemoração, apresenta novos Corpos Sociais para o quadriénio 2016-2020.
Paula Klose é a nova presidente desta associação que promove a educação das pessoas com diabetes e a desmistificação da diabetes, especialmente junto das camadas mais jovens.
Ao longo de 20 anos, foram várias as iniciativas e projetos desenvolvidos pela associação com o objetivo de aumentar o conhecimento relativamente à diabetes tipo 1 e mostrar aos jovens que não são limitados por ela, seja com momentos de convívio como as colónias de férias e almoços, seja com actividades desportivas como caminhadas ou expedições de montanha.
A componente educativa também merece uma grande aposta por parte da associação, com o intuito de esclarecer e aumentar o conhecimento relativamente à diabetes, onde se pode destacar a acção “AJDP nas Escolas”. A educação na diabetes tem como objectivo minimizar as situações onde há discriminação contra pessoas com diabetes e promover práticas saudáveis que permitam prevenir a diabetes tipo 2.
“É missão da AJDP continuar a integrar as pessoas com diabetes e levá-las a mostrar que são capazes de tudo! Quero proporcionar aos outros o vislumbre que tive quando finalmente conheci pessoas como eu, há já quase 20 anos, e percebi que afinal a diabetes era só um extra que eu teria que aceitar e celebrar na minha vida. A diabetes bem gerida não me condiciona a vida em nada”, comenta Paula Klose.
A nova presidente da AJDP foi diagnosticada com diabetes aos 13 anos e pertence à AJDP quase desde o início da associação. Assume a presidência com o objectivo de continuar a aumentar o conhecimento das pessoas face à diabetes: “Ainda existem muitas pessoas que não distinguem a diabetes do tipo 1 e a diabetes do tipo 2, e ainda quem pense que a diabetes limita vários fatores da vida, como a prática de exercício ou ter filhos, o que não é verdade”.
A disponibilização de bombas de insulina a todas as crianças com diabetes e o reforço das medidas de prevenção e combate à doença são duas das medidas defendidas em quatro projetos de resolução em debate no parlamento na quarta-feira.
PS, PCP, BE e PAN recomendam ao Governo algumas medias relacionadas com a diabetes, a propósito de a Organização Mundial de Saúde ter decidido que o dia mundial da saúde de 2016 seria dedicado à diabetes e de a prevalência da doença estar a aumentar de ano para ano.
Assim, o PCP e o BE querem ver alargado a mais crianças o sistema de perfusão contínua de insulina (SPCI), vulgarmente designado como bomba de insulina, considerando que este sistema melhora a terapêutica, a qualidade de vida e o controlo da diabetes.
Recordando que o SPCI dirige-se preferencialmente a crianças com diabetes tipo 1 e que ainda não chegam a metade os que têm acesso a este tratamento, o BE recomenda ao Governo que tome as medidas necessárias para garantir o acesso de todas estas crianças até aos 14 anos às bombas de insulina.
O PCP, além de querer igualmente ver reforçada a cobertura de SPCI, recomenda uma maior aposta na prevenção, nomeadamente o combate aos fatores de risco, no diagnóstico precoce e no tratamento adequado.
No âmbito dos fatores de risco, o PCP sugere a articulação do Ministério da Saúde com as autarquias locais para promover hábitos de vida saudáveis, com especial enfoque na alimentação e na atividade física.
Os comunistas preconizam a correção das insuficiências existentes no rastreio da retinopatia diabética e o tratamento atempado daquelas a quem for diagnosticada.
O PS quer que o Governo assuma as recomendações da Resolução do Parlamento Europeu, no que respeita a aplicar programas nacionais para a diabetes, a prevenir a diabetes tipo 2 e a obesidade (fator de risco para a doença), a garantir acesso permanente dos doentes a equipas interdisciplinares de alta qualidade, bem como um apoio contínuo ao financiamento de ações relativas à doença.
Tal como o PCP, os socialistas querem uma maior aposta em iniciativas públicas de sensibilização da população, como campanhas sobre a importância de estilos de vida saudáveis.
O PS sugere que se promova a identificação sistemática de pessoas potencialmente diabéticas ou pré-diabéticas e que sejam desencadeadas formações específicas na área aos profissionais de saúde nos cuidados de saúde primários.
A prevenção deve ser a prioridade e deve alicerçar-se em programas transversais com outros ministérios, defendem os socialistas, que gostariam de ver as autarquias envolvidas a desenvolver planos municipais de combate à diabetes.
O PS defende que sejam quantificados os custos da diabetes e os ganhos e poupanças associados à sua prevenção e tratamento.
Para o PAN, são também fundamentais as campanhas de sensibilização da população, sendo que este partido defende campanhas em escolas e universidades, e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes de modo a prevenir a evolução da doença.
O comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar considera que a diabetes é uma preocupação para a Europa, mas especialmente para países como Portugal, onde a mortalidade provocada por esta doença é quase o dobro da média da União Europeia.
Vytenis Andriukaitis, que quinta-feira participa em Lisboa nas celebrações do Dia Mundial da Saúde, disse à agência Lusa, numa entrevista por escrito, que a diabetes é “uma preocupação” para todos os europeus.
“Com 24% dos adultos a sofrerem de obesidade e 59% em situação de excesso de peso, não é de admirar que Portugal tenha uma das taxas mais elevadas de diabetes da UE e que a mortalidade provocada pela diabetes seja quase o dobro da média da União Europeia (UE)”, afirmou.
Para o comissário, “estes números constituem motivo de grande preocupação, uma vez que têm um impacto negativo não só no bem-estar físico e na qualidade de vida dos doentes, como colocam também uma forte pressão sobre o sistema de saúde de Portugal”.
Vytenis Andriukaitis recordou que, “em muitos casos, a doença pode ser evitada. A experiência demonstrou que simples alterações do estilo de vida podem ser eficazes para prevenir ou atrasar o início da diabetes de tipo 2. A manutenção de um peso normal, exercício físico regular e um regime alimentar saudável são exemplos dessas alterações”.
O comissário disse ainda acreditar que, “concentrando-se agora na prevenção, Portugal pode reduzir no futuro as taxas de doenças crónicas e os custos associados para o sistema de saúde”.
Questionado sobre o eventual impacto da crise que atingiu a Europa no agravamento dos hábitos alimentares e, consequentemente, o aumento da diabetes, o comissário confirmou que “os hábitos alimentares têm vindo a deteriorar-se claramente, como o demonstra o facto de, em 2008, uma em cada quatro crianças entre os seis e os nove anos sofrer de excesso de peso ou ser obesa e, em 2010, este número ter subido para uma em cada três crianças”.
“Apesar de nada permitir relacionar o aumento das taxas de obesidade e da diabetes com a crise económica, é preocupante verificar que os alimentos com elevado teor de açúcar e de gorduras trans são frequentemente a opção mais barata”, acrescentou.
Sobre medidas em vigor em países como o Reino Unido, onde foi introduzido um “imposto sobre o açúcar”, o comissário, disse que “a tributação é, naturalmente, da competência nacional”.
“Enquanto Comissário responsável pela Saúde, estou logicamente a favor de qualquer medida que conduza a estilos de vida mais saudáveis e reduza o fardo das doenças crónicas, tais como a diabetes de tipo 2”, prosseguiu.
Para Vytenis Andriukaitis, “a luta contra os fatores de risco associados à diabetes exige uma abordagem multifacetada”.
“Precisamos de educação sobre a forma de nos mantermos, e às nossas famílias, saudáveis e de prevenir a doença. Na realidade, os alimentos saudáveis cozinhados de forma caseira são muitas vezes mais baratos do que alimentos embalados. Precisamos igualmente de informações claras sobre os ingredientes e o valor nutritivo dos alimentos que consumimos. Por último, é necessário transformar a escolha saudável na opção fácil”, disse.
Para o Dia Mundial da Saúde, o comissário apela a um trabalho em conjunto: “Aprender uns com os outros e desenvolver estratégias comuns para pôr em prática estes conhecimentos. Precisamos de todos os países da União Europeia e das partes interessadas de todos os setores — saúde, educação, investigação, agricultura, entre outros -, de modo a alcançar este objetivo”.
”A taxa crescente da diabetes exige claramente mais esforços de prevenção. A experiência demonstrou que simples alterações do estilo de vida podem ser eficazes para prevenir ou atrasar o início da diabetes de tipo 2. Estas alterações incluem a manutenção de um peso normal, exercício físico regular e hábitos alimentares saudáveis”.
O comissário Andriukaitis defende uma “mudança radical que permita passar do tratamento de doenças para a promoção de uma boa saúde e temos de começar pelos nossos cidadãos mais jovens”.
“Uma em cada cinco crianças em idade escolar é obesa ou tem já excesso de peso e este número está a aumentar. A menos que comecemos a incutir na nova geração, desde o início, hábitos alimentares saudáveis e exercício físico, iremos criar uma geração de crianças que são «gordas para toda a vida» e sistemas de saúde que lutam para controlar a situação”.
O presidente da Ordem dos Médicos do Norte defendeu hoje a necessidade urgente de cada português ter o seu médico de família devido ao seu papel importante no campo da prevenção de doenças como a diabetes.
Na véspera do Dia Mundial da Saúde este ano dedicado à Diabetes, Miguel Guimarães considerou “essencial reforçar a relação médico-doente. O clínico tem de ter tempo e condições para observar de forma eficaz os utentes”.
“Não é possível continuar a manter tempos de consulta absurdamente curtos, com listas de 1.900 utentes", frisou.
Miguel Guimarães afirmou que “a prevalência de diabetes tem vindo a aumentar nas últimas décadas, em especial nos países de baixos e médios rendimentos", e que “os cortes nos gastos com alimentação, já retratados em vários estudos, podem estar a contribuir para o crescimento desta doença em Portugal".
No entender do presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, "o médico de família, que tem um papel determinante na prevenção de doenças e identificação de comportamentos potenciadores de doenças, é uma figura chave para a identificação dos riscos de desenvolvimento da diabetes, promoção da sua prevenção, acompanhamento e tratamento, com referenciação atempada para um endocrinologista sempre que necessário".
"É preciso criar condições para que os Cuidados de Saúde Primários possam fazer esta prevenção de forma mais adequada", frisou.
Numa altura em que Portugal continua a atravessar “uma fase de contração” no investimento público na área da Saúde, Miguel Guimarães reforçou a ideia de que "a prevenção na área da diabetes é um excelente exemplo de como é possível poupar em Saúde".
Segundo o último Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes em 2014, a prevalência estimada da Diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,1%.
Ou seja, “mais de um milhão de portugueses neste grupo etário tem Diabetes", sublinhou.
Em seu entender, "um dos principais problemas é que quase metade destas pessoas, cerca de 44%, ainda não tinha sido diagnosticada". Por isso, o presidente da CRNOM alerta para os custos financeiros e na própria saúde que tal questão acarreta.
"No espaço de uma década os encargos do SNS com as vendas em ambulatório de insulinas e anti-diabéticos orais aumentaram de 63,9 milhões de euros por ano para os 222 milhões de euros em 2014", explicou Miguel Guimarães.
No mesmo período, acrescenta, "os custos para os utentes aumentaram dos 3,4 para os 20,6 milhões de euros".
Os dados da ACSS apontam para que a Diabetes em Portugal em 2014 tenha representado um custo estimado entre 1.300 a 1.550 milhões de euros, ou seja, cerca de 0,9% do PIB português de 2014 e 08 a 10% da despesa em Saúde nesse ano", salientou Miguel Guimarães.
Disse ainda que a estes custos se tem “ainda de acrescentar outros, como a perda de dias de trabalho por internamento hospitalar, os custos associados a complicações como a retinopatia, a nefropatia, a neuropatia, a doença vascular periférica e as amputações de membros, entre outras".
Recorda que as projeções mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que em 2030 a diabetes seja a 7.ª principal causa de morte no mundo inteiro, representando um crescimento de mais de 50% nos próximos dez anos. Isto numa altura em que se estima que 347 milhões de pessoas no mundo inteiro tenham diabetes e que, em 2012, cerca de 1,5 milhões de pessoas tenham morrido com complicações associadas à diabetes.
"Tal como a OMS afirma, a prevenção e tratamento precoce da diabetes, nomeadamente a de tipo 2, permite reduzir as consequências dramáticas desta doença silenciosa e poupar ao Estado e às famílias muitos milhões de euros", acrescentou Miguel Guimarães.
Quase um milhão de portugueses com mais de 30 anos sofre de diabetes, doença que mata mais de 12 pessoas por dia em Portugal, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje divulgado.
De acordo com o primeiro relatório global sobre a Diabetes da OMS, a prevalência da diabetes tem vindo a aumentar nas últimas décadas e Portugal não é exceção, estimando-se que 9,2% dos portugueses (aproximadamente 952 mil pessoas) sofram desta doença, predominantemente homens (10,7%), mas também mulheres (7,8%).
Estes números são inferiores aos apurados pelo Observatório Nacional da Diabetes, relativamente a 2014, segundo os quais a prevalência estimada da doença na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos foi de 13,1%, a que se juntam mais de 2 milhões de pessoas com pré-diabetes.
No que respeita à mortalidade, o relatório da OMS apresenta estimativas de morte por diabetes e por elevados níveis de glucose no sangue superiores a 4.500 óbitos por ano.
De acordo com aquele organismo, as mortes por diabetes atingem as 4.690, sendo que morrem mais homens por este motivo entre os 30 e os 69 anos e mais mulheres depois dos 70 anos, idade a partir da qual as mortes por diabetes disparam.
Entre os 30 e os 69 anos morreram por ano 660 pessoas devido à diabetes (410 homens e 250 mulheres), com mais de 70 anos morreram com esta doença 1.670 homens e 2.360 mulheres.
O número de mortes atribuíveis a elevados níveis de glucose no sangue é superior, chegando aos 6.770: entre os 30 e os 69 anos morreram 690 homens e 33 mulheres, números que sobem para 2.290 e 3.460, respetivamente, a partir dos 70 anos.
O relatório da OMS usa como estimativas para a mortalidade atribuível à diabetes e ao excesso de açúcar no sangue o período 2000-2012, baseado em tabelas estatísticas mundiais de saúde de 2014.
Aqui também os números do Observatório Nacional da Diabetes são menos animadores do que os da OMS, já que no que respeita à letalidade intra-hospitalar, o relatório revelava que em 2014, cerca de um quarto das pessoas que morreram nos hospitais tinham diabetes, correspondendo a 11.736 óbitos em números absolutos.
A OMS faz ainda um apanhado dos fatores de risco para a diabetes, apontando como mais prevalente o excesso de peso, seguido do sedentarismo e finalmente da obesidade.
O relatório indica que em Portugal 6,18 milhões de pessoas (59,8%) têm excesso de peso, mais de metade da população, sendo que esta prevalência é mais evidente nos homens (65%) do que nas mulheres (55%).
A obesidade tem uma prevalência mais baixa (22,1%), atingindo ainda assim quase 2,3 milhões de portugueses, sendo que é mais esbatida a diferença entre homens (21,4%) e mulheres (22,8%).
O sedentarismo, ou falta de atividade física, tem uma prevalência de 37,3% em Portugal, com 33,5% de homens e 40,8% de mulheres fisicamente inativos.
Número de adultos com diabetes quadriplicou desde 1980
Cerca de 422 milhões de adultos em todo o mundo viviam com diabetes em 2014, quatro vezes mais do que em 1980, revela também o estudo.
No mesmo período, informa o relatório, a prevalência da diabetes quase duplicou, de 4,7% para 8,5% da população adulta, o que reflete um aumento dos fatores de risco associados, como o excesso de peso e a obesidade.
"A diabetes está a aumentar. Já não é uma doença de países predominantemente ricos e a prevalência está a aumentar constantemente em todo o lado, mais marcadamente nos países de médio rendimento", escreve a diretora-geral da OMS no prefácio do relatório.
Com efeito, segundo os dados disponíveis no documento, na última década a prevalência da diabetes aumentou mais nos países de médio e baixo rendimento do que nos países ricos.
Mais de 80% das mortes por diabetes ocorrem em países de baixo e médio rendimento.
A OMS estima que em 2030 a diabetes seja a sétima maior causa de morte.
Em 2012, pode ler-se no relatório da OMS, a doença provocou 1,5 milhões de mortes, e o excesso de glucose no sangue causou mais 2,2 milhões de mortes, por aumentar os riscos de doenças cardiovasculares.
Quarenta e três por cento destas 3,7 milhões de mortes ocorrem antes dos 70 anos.
A diabetes é uma doença crónica e grave que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente (diabetes tipo 1) ou quando o corpo não consegue usar eficazmente a insulina que produz (diabetes tipo 2).
Trata-se de um "importante problema de saúde pública", uma das quatro doenças não transmissíveis definidas como prioritárias pelos líderes mundiais.
Embora a OMS não possa distinguir os números de doentes com cada um dos tipos de diabetes - são precisos exames laboratoriais para distingui-los, a maioria tem a diabetes tipo 2. Esta doença ocorria quase inteiramente em adultos, mas atualmente já aparece nas crianças.
Todos os tipos de diabetes, incluindo a diabetes gestacional, que aparece na gravidez, provocam complicações em diferentes partes do corpo e aumentam o risco de morte prematura.
Entre as complicações associadas à diabetes estão o ataque cardíaco, o acidente vascular-cerebral, a falência renal, a amputação de pernas, a perda de visão e os danos neurológicos.
Na gravidez, a diabetes gestacional não controlada aumenta o risco de morte fetal e outras complicações.
A OMS sublinha que, embora não se saiba como prevenir a diabetes de tipo 1, é possível prevenir a diabetes de tipo 2 e as complicações associadas a todos os tipos.
A prevenção, recorda a organização, passa por políticas que abranjam toda a população e que contribuam para a melhoria da saúde de todas as pessoas, tenham ou não diabetes, como fazer exercício regular, ter uma alimentação saudável, evitar fumar e controlar a tensão arterial e as gorduras no sangue.
"Não existe uma política ou uma intervenção para assegurar que isto acontece. É necessária uma abordagem de todo-o-governo e toda-a-sociedade", escrevem os autores do relatório da OMS, que recordam que a doença representa um peso económico substancial para os doentes e famílias, mas também para as economias nacionais, devido aos gastos médicos e aos dias de trabalho perdidos.
Quanto aos doentes com diabetes, a OMS diz que o ponto de partida para manterem a qualidade de vida é um diagnóstico precoce, já que quanto mais tempo uma pessoa vive com diabetes não diagnosticada, piores são as suas perspetivas.
A OMS defende por isso o acesso a meios de diagnóstico básicos nos serviços de saúde primários.
Uma fundação europeia atribuiu um financiamento de 100 mil euros a investigadores de Coimbra para estudarem feridas crónicas da diabetes, que podem provocar infeções graves e amputação, como é o caso do pé diabético.
A Fundação Europeia para o Estudo da Diabetes (FEED) atribuiu um financiamento a um grupo de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) para “estudar feridas crónicas da diabetes, que podem causar infeções graves e amputação”, anunciou hoje a UC.
A equipa de especialistas, coordenada por Eugénia Carvalho, vai investigar “o contributo conjunto de pequenas moléculas e ‘peptídeos’ nestas feridas, recorrendo a estudos ‘in vitro’ e pré-clínicos”, que “possam conduzir a ensaios clínicos com humanos num futuro próximo”.
O financiamento da FEED significa que a investigação que está a ser desenvolvida no CNC tem “grande importância para a saúde pública mundial, segundo os especialistas neste tema, caracterizada por ideias novas que recorrem a técnicas inovadoras”, afirma Eugénia Carvalho, citada pela UC, numa nota hoje divulgada.
“A distinção sai reforçada no atual quadro de financiamento para a investigação científica, quer a nível nacional, quer a nível europeu, em que existe uma enorme competição nas verbas para as áreas da investigação biomédica”, sustenta a investigadora.
A úlcera crónica do pé diabético ocorre em cerca de 20% dos doentes diabéticos, calculando-se que a diabetes poderá afetar, de acordo com a Federação Internacional da Diabetes, cerca de 552 milhões de adultos em 2030.
“A infeção está relacionada com 85% das amputações e não existe, até ao momento, terapia adequada que elimine a necessidade de amputação”, sublinha a UC.
O estudo do CNC vai ser realizado em colaboração com a Universidade de Roskilde, na Dinamarca.
A FEED comprometeu-se em financiar investigação dos países europeus num valor que ascenderá a 100 milhões de euros, procurando alertar para “a severidade e magnitude desta doença”, conclui a UC.
O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) anunciou hoje que o seu investigador José Bessa foi contemplado com um financiamento de 1,5 milhões de euros para estudar o desenvolvimento e o funcionamento do pâncreas, nomeadamente Diabetes.
“Este financiamento [atribuído pelo European Research Council (ERC)] vai ser excelente porque podemos de facto ter recursos para comprar toda a tecnologia de ponta para desenvolver este projeto de investigação, contratar pessoas e constituir uma equipa para desenvolver este projeto complexo”, afirmou o investigador do i3S.
Em declarações à Lusa, José Bessa explicou que o trabalho que está a desenvolver e que irá aprofundar nos próximos cinco anos visa “compreender melhor como é que modificações do nosso genoma podem contribuir para um determinado risco de desenvolvimento desta doença [diabetes]. Inclusivamente podemos, se calhar, melhorar a nossa capacidade de prever o risco associado ao desenvolvimento da doença”.
“Podemos, inclusivamente, precaver-nos no caso de uma pessoa que tem risco demasiado elevado poder ficar sob vigilância e tomar as devidas precauções em termos de tipo de vida”, acrescentou.
No seu projeto, os cientistas do i3S irão utilizar um animal modelo, que é um peixe tropical, com pâncreas muito semelhante ao dos humanos. “Vamos induzir mutações do genoma não modificante e ver se conseguimos recapitular uma condição semelhante a diabetes tipo 2”, referiu.
O objetivo do investigador é compreender “o reguloma do pâncreas”, ou seja, as regiões do genoma que, no seu conjunto, regulam a formação e funcionamento desse órgão.
“Sabe-se que durante a diferenciação de qualquer órgão há um conjunto de genes que são expressos e outros silenciados, e que essa expressão é crucial para o correto desenvolvimento e funcionamento dos órgãos. ‘Ligar’ e ‘desligar’ genes, no sítio certo e no momento certo, depende de zonas regulatórias espalhadas pelo genoma dos seres vivos. Erros nessas zonas regulatórias, ou nos reguladores que sobre ela agem, estão na base de várias doenças que conhecemos”, nomeadamente da Diabetes, disse.
O i3S considera que “sem este tipo de financiamentos mais avultados, ou com financiamentos mais limitados, os passos que se dão no conhecimento são também limitados”.
“Em áreas científicas muito competitivas, como é o estudo da Diabetes, haverá sempre alguém, noutro país, em condições para dar passos de gigante. Por isso, a ciência portuguesa está, mais uma vez, de parabéns ao conseguir angariar as condições para competir a nível mundial”, sustenta a instituição.
O i3S é uma instituição transdisciplinar cuja missão é a promoção da investigação e inovação nas ciências da saúde e a formação pós-graduada, contribuindo para a resolução dos grandes desafios societais da atualidade.
No instituto trabalham cerca de mil colaboradores, distribuídos por três linhas temáticas: Cancro, Interação e Resposta do Hospedeiro, e a Neurobiologia e doenças neurológicas.
Congloba 50 grupos de investigação e mais de 400 investigadores doutorados, levando a cabo mais de 192 projetos financiados nacional e internacionalmente. Os investigadores são financiados por fontes diversas e cerca de 120 são professores em faculdades da Universidade do Porto.
Lusa
A prevalência da diabetes em Portugal voltou a aumentar em 2014, atingindo mais de 13% da população, assim como aumentaram os internamentos destes doentes e os casos de diabetes gestacional, revela o relatório anual da diabetes, hoje divulgado.
De acordo com o relatório “Factos e Números da Diabetes do Observatório Nacional de 2014”, a prevalência estimada da doença na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,1%, isto é, mais de 1 milhão de portugueses, a que se juntam mais de 2 milhões de pessoas com pré-diabetes.
O relatório sublinha que em 2014 foram detetados cerca de 150 novos casos de diabetes por dia e que quase metade dos doentes com diabetes (40%) não sabe que tem a doença, permitindo a progressão silenciosa da doença e das suas complicações.
O impacto do envelhecimento da população refletiu-se num aumento de 1,4 pontos percentuais da taxa de prevalência entre 2009 e 2013, o que corresponde a um crescimento de 14%.
De facto, verifica-se um “forte aumento” da diabetes com a idade, já que uma em cada quatro pessoas entre os 60 e os 79 anos tem diabetes.
Além disso, os diabéticos perdem mais anos de vida: em 2013, apontava-se para uma perda de oito anos de vida por cada óbito abaixo dos 70 anos. Em 2014, o número de anos perdidos subiu para nove.
O relatório aponta ainda para uma relação entre o excesso de peso e a diabetes, sendo a prevalência da doença quatro vezes maior nos obesos.
“Cerca de 90% da população com diabetes apresentam excesso de peso (49,2%) ou obesidade (39,6%)”.
Também a diabetes gestacional verificou um “aumento significativo” - 6,7% dos partos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) – sobretudo nas mulheres com mais de 40 anos, entre as quais a prevalência da diabetes foi de 16,5%.
No que respeita às crianças e jovens, a diabetes tipo 1 atingia, no ano passado, 3.365 pessoas até aos 19 anos, o que corresponde a 0,16% da população portuguesa nesta faixa etária, “número que se tem mantido estável”, sublinha o relatório.
Considerando apenas as crianças até aos 14 anos, o relatório indica que houve uma ligeira descida, tendo sido detetados 17,5 novos casos de diabetes tipo 1 por cada 100 mil jovens daquelas idades, o que consubstancia “valores inferiores aos registados nos últimos anos”.
Em termos de género, verifica-se uma maior prevalência de diabetes nos homens (15,8%) do que nas mulheres (10,8%).
Quanto aos internamentos, os de doentes com diabetes associada a outros diagnósticos aumentaram acentuadamente (89,3% entre 2005 e 2014), mas têm vindo a diminuir os casos de internamento em que a diabetes surge como diagnóstico principal (menos 23,4% entre 2009 e 2014).
No que respeita à letalidade intra-hospitalar, o relatório revela que em 2014, cerca de um quarto (24,8%) das pessoas que morreram nos hospitais tinham diabetes, correspondendo a 11.736 óbitos em números absolutos.
O relatório realça que houve uma diminuição de mortes nos internamentos em que a diabetes foi o diagnóstico principal (menos 46% na última década) e um aumento do número de óbitos nos internamentos em que a diabetes era diagnóstico associado (mais 44% nos últimos dez anos).
A duração média dos internamentos por diabetes foi superior em 3,5 dias ao valor médio de dias de internamento global no SNS.
Quanto às consultas de diabetes nos cuidados de saúde primários, houve um aumento de 0,5% no número de diabéticos registados, mas a representatividade destas consultas no total das consultas médicas passou de 6,1% e, 2011 para 8,3% em 2014.
Custos diretos com a diabetes aumentaram 50 milhões de euros num ano
Os custos com a diabetes em Portugal aumentaram cerca de 50 milhões de euros em 2014, face ao ano anterior, e o custo médio dos medicamentos mais do que duplicou nos últimos dez anos, revela o mesmo relatório acima enunciado.
Segundo o “Factos e Números da Diabetes do Observatório Nacional de 2014”, a ser hoje apresentado, a diabetes representou um custo direto estimado entre 1.300 e 1550 milhões de euros, um acréscimo aproximado de 50 milhões, face a 2013.
Baseando-se em dados da Federação Internacional da Diabetes, o documento dá ainda conta de que a doença em Portugal representou em 2014 um custo de 1.540 milhões de euros por indivíduo, valores que representam 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e 10% das despesas em saúde.
Quanto ao custo médio das embalagens de medicamentos da Diabetes, mais do que duplicou o seu valor nos últimos dez anos.
O crescimento do custo dos medicamentos da Diabetes (mais 260%) tem assumido uma especial relevância face ao crescimento efetivo do consumo, quantificado em número de embalagens vendidas (mais 67%).
Segundo o observatório, os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm encargos diretos de 20,6 milhões de euros com o consumo de antidiabéticos orais e de insulinas, o que representa 8,5% dos custos do mercado de ambulatório com estes medicamentos no último ano.
Neste sentido, apesar do acréscimo de despesa registado no último ano, o relatório realça o facto de os encargos totais dos utentes com estes medicamentos terem estabilizado nos últimos três anos.
Lusa/Jornal Médico
O Hospital de Ponta Delgada, Açores, vai ter um centro de tratamento "inovador para diabéticos" que vai permitir, "a médio e longo prazo", reduzir as taxas de complicações nestes doentes na região onde a taxa de prevalência ronda os 15,5%.
“Na prática este centro vem proporcionar, principalmente aos diabéticos mais jovens, um tipo de tratamento inovador que irá permitir reduzir, por exemplo, o número de picadas que têm que fazer diariamente não só para controlo, mas também para administração da insulina e garantir também uma maior adesão terapêutica principalmente nestas fases mais jovens que há normalmente uma recusa na própria doença e uma não adesão aos tratamentos convencionais”, explicou o secretário regional da Saúde, Luís Cabral, em declarações à Lusa.
O titular pela pasta da Saúde nos Açores falava à margem da assinatura de um protocolo entre a Direção Regional de Saúde, o Hospital do Divino Espírito Santo e a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, para a implementação do Centro de Tratamento para a Perfusão Subcutânea Contínua de Insulina.
O centro de tratamento vai ter uma equipa de profissionais que estão em formação e permitirá "um atendimento de 24 horas, de forma a garantir, em qualquer circunstância, a capacidade de resposta dentro desta área”, acrescentou o secretário.
Serão disponibilizadas consultas específicas aos utentes em terapêutica intensiva com bombas de perfusão subcutânea contínua de insulina.
Segundo Luís Cabral, os novos dispositivos permitem "uma maior adesão das crianças e dos adolescentes" à terapêutica, garantindo que os mais jovens "cheguem a uma idade adulta com os seus níveis de diabetes controlados" e evitando problemas "precoces" decorrentes da doença, quer ao nível da visão quer do coração.
“Por isso o investimento do Governo regional dos Açores nesta nova modalidade terapêutica vai permitir, a médio e longo prazo, reduzir as taxas de complicações nos doentes diabéticos na região”, salientou o governante, lembrando, no entanto, que o principal tratamento da diabetes reside num bom controlo alimentar e exercício físico regular.
Luís Cabral disse ainda uma que das apostas das autoridades nesta área tem passado pela "consciencialização" da população para alterações de hábitos de vida e "dentro desta lógica tem sido desenvolvido o Plano Regional de Saúde que tem uma das suas ações especificamente direcionada a esta área" e que também permitiu "contratar nutricionistas para todos os centros de saúde da região".
O diretor do serviço de Endocrinologia do Hospital de Ponta Delgada, Rui César, disse à Lusa que a prevalência de diabéticos na região "continua a ser elevada" e deve situar-se "acima dos 15,5%" o que se deve "a uma maior esperança média de vida e excesso de peso.
Rui César frisou que o novo centro é de "alta qualidade e de alta definição" que vai permitir que alguns doentes "com maior dificuldade no controlo da sua doença tenham um tratamento mais rigoroso e mais bem definido", sobretudo, no caso das "crianças até aos cinco anos ou grávidas".
"Mas é preciso que as pessoas percebam que não há milagres. Isto melhora muito a possibilidade de controlo das doenças mas as pessoas têm que ter uma atitude proactiva e cuidarem da sua saúde", alertou o especialista.
Lusa
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, avisou ontem que é necessário baixar os custos por cada doente diabético tratado, uma vez que a prevalência da diabetes vai continuar a crescer e mais pessoas vão precisar de tratamento.
Na sessão de apresentação do projeto “Não à Diabetes” promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, Paulo Macedo revelou que, no primeiro semestre deste ano, os medicamentos para a diabetes, excluindo as insulinas, aumentaram 5,5% em termos de embalagens vendidas, enquanto cresceram cerca de 15% em termos de custos.
“Esta relação é totalmente impossível de manter face aos crescimentos previstos [da doença]. Se sabemos que vamos ter mais pessoas a tratar é preciso que, por tratamento, se consiga ter menores custos”, declarou o ministro.
Já em resposta aos jornalistas no final da sessão, Paulo Macedo frisou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está disponível para tratar mais doentes, mas os custos só serão comportáveis caso haja uma redução do preço por tratamento: “De certeza que no futuro vamos ter de tratar bastantes mais pessoas e queremos tratá-las desde já. Se estamos numa doença com a maior prevalência, e sabemos que vai aumentar, temos de ter a certeza que, embora possamos gastar mais em termos absolutos, por doente devíamos gastar menos. Porque senão será incomportável. Estamos disponíveis para ter maiores custos, o que não podemos é ter custos exponenciais porque a inovação é sistematicamente muito mais cara”, afirmou, relembrando o acordo recente com a indústria farmacêutica para tratar os doentes com hepatite C.
O tratamento da diabetes e das suas complicações representa 10% da despesa de saúde em Portugal, o que corresponde a cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo dados da Gulbenkian, num cenário em que nada seja feito para inverter a situação, os gastos diretos com a diabetes podem chegar aos três mil milhões de euros, representando 15% da despesa de saúde dentro de duas décadas.
Neste mesmo “cenário negativo”, o número de casos de diabetes diagnosticados pode duplicar em 10 anos, passando dos atuais 60 mil novos casos para os 120 mil.
“Os serviços de saúde não terão capacidade para atender, acompanhar e tratar com qualidade um número tão elevado de doentes. Os custos com medicamentos poderão ser incomportáveis para o SNS”, refere o documento da Gulbenkian sobre o projeto “Não à Diabetes”.
Esta iniciativa, que vai envolver municípios, empresas e sociedade civil, pretende evitar que 50 mil pessoas pré-diabéticas desenvolvam a doença no prazo de cinco anos. O outro objetivo é identificar no mesmo período de tempo 50 mil pessoas diabéticas mas que desconhecem ser portadoras da doença.
Segundo João Raposo, da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, existem cerca de dois milhões de portugueses com pré-diabetes que é importante identificar para evitar que desenvolvam a doença.
Lusa/Jornal Médico
Escritor, cronista, argumentista integrou as equipas responsáveis por Zapping, Equador, 5 para a Meia-noite ou A Rede.
Colaborou com o Rádio Clube Português, o Observador, O Inimigo Público e a revista Atlântico.
Foi editor de cultura de A Capital e crítico de cinema do jornal i.
É Creative Director da LPM.