O Presidente da República recebeu hoje das mãos da administração da Fundação Gulbenkian um relatório elaborado por peritos sobre a saúde em Portugal, que representa um "desafio" para o Serviço Nacional de Saúde.
"É um desafio novo que se faz ao Sistema Nacional de Saúde, que nós consideramos que tem prestado relevantíssimos serviços ao país e melhorado muito a qualidade de vida das pessoas e pensamos que estamos na altura de conhecer um novo elã, transferindo sobretudo muito do que tem sido o foco nos doentes e nos hospitais para as pessoas, a comunidade, as autarquias, a sociedade em geral", afirmou o presidente da Fundação Gulbenkian, Artur Santos Silva, em declarações à saída da audiência com o chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva.
Sem adiantar pormenores sobre o relatório, elaborado por uma comissão de peritos internacionais e nacionais, coordenada por Lord Nigel Crisp, e que só será apresentado publicamente na terça-feira, Artur Santos Silva disse que o estudo apresenta "muitas propostas".
"Mobilizar a melhor ciência, a melhor tecnologia para o bom funcionamento do sistema de saúde, mas ao mesmo tempo fazer com que as pessoas sejam mais actores, conheçam melhor os seus problemas, conheçam melhor como prevenir doenças, havendo tanta solidariedade em Portugal como é que a família e as organizações locais podem ter um papel maior e melhor", defendeu o presidente da Fundação Gulbenkian, que promoveu a plataforma "Saúde em Portugal", para abordar uma nova visão para a saúde e os cuidados de saúde no país.
A administração da Gulbenkian irá apresentar ainda hoje o relatório ao ministro da Saúde e, na terça-feira, à Assembleia da República.
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Nos últimos tempos, temos assistido ao êxodo crescente de médicos, em geral, e Especialistas de Medicina Geral e Familiar, em particular, do Serviço Nacional de Saúde, uns por aposentação e outros por optarem por sair da função pública, ou até pela emigração. A rigidez da tutela, o excesso de burocracia, a falta de material e equipamento nas unidades, as carreiras e salários completamente desfasados da realidade, entre outros, são fatores que vão afastando os médicos. Em algumas zonas do país é desolador o cenário de Centros de Saúde sem médicos, unidades com mais de 9 000 utentes, e apenas um médico ao serviço. Dando o exemplo do meu ACeS, numa zona geográfica e socio-económica até agradável, no último concurso de recrutamento médico, de 41 vagas, apenas 7 foram preenchidas! Onde ainda se vai percebendo alguma estabilidade e capacidade de retenção dos profissionais é, efectivamente, nas Unidades de Saúde Familiar modelo B.