O Serviço de Urgências do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), composto pelas unidades de Abrantes, Tomar e Torres Novas, está a funcionar desde ontem sem a presença dos especialistas de urologia.
A alteração consta de um documento que define um novo modelo, assinado pelo director do Serviço de Urologia.
A medida que ontem entrou em vigor pressupõe um modelo de apoio do Serviço de Urologia (instalado no hospital de Tomar) ao Serviço de Urgências do CHMT, a funcionar em Abrantes, "em regime de apoio/consultadoria" aos doentes.
Assim, todas as solicitações ao Serviço de Urologia deverão ser efetuadas através de uma linha telefónica disponibilizada para esse fim, entre as 9H00 e as 20H00, e o urologista contactado dará orientações à distância sobre a eventual alta clínica ou o internamento.
O novo modelo entra em vigor a título experimental por um período de três meses (até 31 de Dezembro).
Os pedidos de observação a doentes internados nas três unidades do CHMT serão canalizados por correio interno para o secretariado do Serviço de Urologia, que, após triagem, decidirá pela observação regular semanal por um urologista, no caso de diferimento, ou, em caso de extrema urgência, solicitará aos serviços o envio do doente à unidade de Tomar, onde será observado.
No documento, o conselho de administração refere que, no Serviço de Urologia, "são raras as situações de necessidade de intervenção em menos de 24 horas" e diz que "os recursos humanos existentes (quatro urologistas) tornam inviável uma prestação de urgência em regime de presença física".
Por isso, defende, o novo modelo de apoio "é mais prático, mais versátil, dinâmico e eficaz do que o existente actualmente".
A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) já criticou o novo modelo, afirmando "existir um fio condutor de redução progressiva de serviços, em prejuízo dos utentes".
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da CUSMT, Manuel Soares, defendeu um serviço de urgência "organizado numa base de proximidade com os três hospitais", ao invés da actual concentração numa única unidade hospitalar.
O representante lamentou os "riscos demasiado elevados de falha nos processos de diagnóstico e terapêutica" num serviço de urgência médico-cirúrgica sem a presença física de urologistas.
"Um médico de clínica geral não tem a mesma sensibilidade de um urologista", vincou.
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Não podemos ser indiferentes ao descontentamento dos médicos nos tempos que correm, nunca vi tantos médicos a dizerem pensar sair ou desistir do que construíram. Desde médicos de família que pensam acabar com as suas USF, por não verem vantagem em continuarem a trabalhar no sentido da melhoria contínua (e até sentirem que os desfavorece) até médicos hospitalares a querer deixar de ser diretores de serviço, sair do sistema público e/ou, até, reformar-se antecipadamente. Tudo o que foi construído parece à beira de, rapidamente, acabar.