A Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro garantiu, ontem, que o Hospital do Fundão continuará integrado no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e manterá as valências, apesar do processo de devolução à misericórdia local.
Em comunicado, a ARS aponta que, "à semelhança dos acordos já firmados com os hospitais de Anadia, Fafe e Serpa, todas as unidades devolvidas continuarão integradas no SNS, não se verificando qualquer redução de valências existentes".
No esclarecimento, é ainda referido que "os processos de devolução dos hospitais às misericórdias têm em atenção as necessidades específicas da população da respetiva área de influência" e que visam "melhorar a qualidade e o acesso à prestação dos cuidados de saúde de proximidade.
Este esclarecimento surge na sequência da assinatura, no passado dia 16, em Lisboa, do terceiro Compromisso de Cooperação para o Sector Social e Solidário, no qual está prevista a passagem dos hospitais de Santo Tirso, de São João da Madeira e do Fundão para a alçada das misericórdias locais.
Depois da assinatura do acordo, a Santa Casa da Misericórdia do Fundão (SCMF) já afirmou que esta é uma "oportunidade para inverter o processo de esvaziamento de serviços" do hospital, garantindo que reivindicará a manutenção e reforço das valências no processo negocial que se iniciará em breve.
Por outro lado, o conselho de administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) – estrutura em que o Hospital do Fundão está integrado – informou que não foi ouvido sobre a eventual cedência e o presidente da Câmara Municipal do Fundão mostrou "estranheza" e "muita preocupação" pela forma como o processo foi conduzido, tendo anunciado que já pediu uma reunião "com carácter de urgência" ao Ministério da Saúde.
Já a Assembleia Municipal do Fundão, aprovou por unanimidade uma moção de contestação, na qual manifesta as "maiores reservas" relativas aos procedimentos e “timings” do processo e que apresenta um conjunto de reivindicações a ter em conta no processo negocial. Em comunicado, a Câmara da Covilhã afirmou o seu "repúdio" pela transferência da gestão, o que classificou como uma "forte machadada" ao CHCB.
A União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB) também está contra a devolução e, também em comunicado, apelou às forças políticas para que se mobilizem para travar o que classificou de "negociata obscura".
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.