Corporações de bombeiros de concelhos do Oeste, servidos pela urgência de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste, denunciaram ontem que há ambulâncias a ficarem retidas no hospital por falta de macas, comprometendo o socorro às populações.
"A situação é mesmo caótica e tem retido várias ambulâncias dos corpos de bombeiros. Não estamos a falar numa ou duas ambulâncias, mas cinco por exemplo no dia de anteontem, por falta de macas no hospital. Todos os doentes transportados de emergência para a urgência do hospital de Torres Vedras ficam em cima da maca dos bombeiros horas esquecidas até serem atendidos, paralisando as ambulâncias", denunciou o comandante dos bombeiros da Lourinhã, Carlos Pereira, à agência Lusa.
Contactado pela Lusa, o administrador do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), Carlos Sá, justificou que a falta de macas se deve ao "período de gripes em que houve um aumento de doentes na urgência, o que leva a um atraso na entrega de macas".
O "caos", que os bombeiros dizem que se arrasta desde há um mês, é também confirmado pelo comandante dos bombeiros de Torres Vedras, Fernando Barrão. No caso de Torres Vedras, só não se tem agravado porque a corporação dispõe de algumas macas suplentes.
As corporações alertam que o socorro às populações "está a ser posto em causa", uma vez que algumas já ficaram sem ambulâncias disponíveis nos quartéis e tiveram de pedir ajuda a outras corporações. Os bombeiros apontam diferentes casos em que as ambulâncias estiveram à espera entre as três e as seis horas.
Apesar de tudo, o administrador hospitalar esclareceu que "os tempos de espera têm vindo a aumentar na urgência, mas continuam dentro dos valores recomendados".
No domingo, os doentes com pulseira amarela (urgentes) esperaram em média 56 minutos para serem atendidos, enquanto o tempo para os da pulseira verde (pouco urgentes) foi de duas horas e nove minutos, valores semelhantes aos de ontem.
Para melhorar o atendimento, o CHO decidiu aumentar 10 camas de internamento na Unidade de Peniche e transferir doentes da urgência para os serviços de internamento, onde existem camas disponíveis.
O CHO vai também reunir na quarta-feira com os bombeiros para avaliar melhor o problema.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais das Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras, e abrange, para além destas, as populações de Óbidos, Bombarral, Cadaval, Lourinhã e parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra, servindo mais de 292.500 pessoas.
Torres Vedras, Mafra, Lourinhã e Cadaval são os concelhos servidos em primeira linha pela unidade de Torres Vedras.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.