O histórico socialista António Arnaut defendeu hoje que o cenário macroeconómico do PS, divulgado esta semana, deve traduzir “a reabilitação do Estado Social” e do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Espero, sobretudo, que ao lado do rigor das contas seja reabilitado e consolidado o Estado Social, que está praticamente destruído, e o SNS que se encontra à beira do colapso”, declarou António Arnaut à agência Lusa.
Este fundador do PS e principal impulsionador do SNS disse que, após ter lido o documento “Uma década para Portugal”, apresentado na terça-feira, concluiu que se trata de “um bom ponto de partida” para uma nova governação de Portugal.
“E espero que o subsequente programa de Governo do PS seja um excelente ponto de chegada”, especialmente para a recuperação dos serviços públicos, como o SNS, que integram o Estado Social, acrescentou.
Para o antigo ministro dos Assuntos Sociais, “várias situações noticiadas, nos últimos tempos, são indicadoras das inqualificáveis malfeitorias que este Governo tem feito” ao Serviço Nacional de Saúde.
“Fala-se, actualmente, na falta de camas nos hospitais. Ainda recentemente, o IPO do Porto foi obrigado a cancelar, num só dia, 266 cirurgias por falta de camas para os doentes”, lamentou.
O cenário macroeconómico do PS assume como base central a projecção da Comissão Europeia sobre a evolução da economia portuguesa, até 2019, e como baliza o cumprimento por Portugal do pacto de estabilidade.
Intitulado “Uma década para Portugal”, este “estudo técnico” foi liderado por Mário Centeno, doutorado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e quadro superior do Banco de Portugal, e foi dividido em três partes: instrumentos de avaliação sobre o impacto das políticas públicas; diagnóstico sobre a situação da economia portuguesa; e conjunto de medidas adequadas face a esse diagnóstico.
Entre os princípios considerados nucleares no estudo, está a impossibilidade de Portugal violar os compromissos assumidos no âmbito da sua participação no euro.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.