A Delegação Portuguesa da Médicos do Mundo (MdM), Organização Não Governamental (ONG) para o Desenvolvimento, mostrou-se solidária com o GAT (Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA), pelo encerramento das consultas de IST dadas no CheckpointLX, em Lisboa, devido à falta de financiamento por parte do Ministério da Saúde, um acontecimento que considera “vergonhoso”.
“Esta ação ignora a excelente performance desta consulta, cujos procedimentos e resultados são reconhecidos a nível internacional e terá um forte impacto negativo na população muito vulnerável que servia. Esta população, em Portugal, apresenta incidência e prevalência elevadas de IST (Infecções Sexualmente Transmitidas), com particular relevo para a infecção pelo VIH. Uma situação que constitui um gravíssimo atentado à Saúde Pública”, lê-se no comunicado enviado pela ONG.
A MdM acusa ainda o governo português de desvalorizar o papel das ONG, de não dedicar suficiente atenção às “populações vulneráveis” e defende que “esta 'pretensa poupança' consistente com uma visão imediatista, retrógrada, tecnicamente desaconselhada e desfasada da realidade revelar-se-á, a médio, longo prazo, através de impactos negativos no SNS com custos substancialmente superiores àqueles que resultam de políticas que se caracterizam por ações de proximidade como era o caso desta consulta”.
Após referência a um “enquadramento legal para estas situações muito limitativo” e a “demoras difíceis de explicar”, a direção nacional da Médicos do Mundo conclui com um apelo que dirige ao ministro da Sáude, Paulo Macedo, “para que reveja esta decisão e que mande proceder à rápida reposição do financiamento retirado”.
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Não podemos ser indiferentes ao descontentamento dos médicos nos tempos que correm, nunca vi tantos médicos a dizerem pensar sair ou desistir do que construíram. Desde médicos de família que pensam acabar com as suas USF, por não verem vantagem em continuarem a trabalhar no sentido da melhoria contínua (e até sentirem que os desfavorece) até médicos hospitalares a querer deixar de ser diretores de serviço, sair do sistema público e/ou, até, reformar-se antecipadamente. Tudo o que foi construído parece à beira de, rapidamente, acabar.