A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) anunciou ontem que, a partir de 1 de novembro, vão ser colocados quatro médicos de família em Abrantes, concelho da região onde existe maior carência de clínicos.
O porta-voz da CUSMT, Manuel José Soares, avançou à Agência Lusa que a existência de mais de 30 mil utentes na região sem médico de família foi uma das situações abordadas na reunião realizada hoje com a diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, Sofia Theriaga.
Na expectativa de que esta colocação de especialistas promova uma melhoria na prestação de cuidados primários de saúde na região, Manuel José Soares alertou para a necessidade de outros profissionais, como nutricionistas e dentistas.
Segundo o porta-voz da CUSMT, o projeto-piloto de saúde oral anunciado para o Centro de Saúde de Fátima não está a funcionar, porque o profissional aí colocado não aceitou o lugar.
Sublinhando o relacionamento de "colaboração construtiva” atualmente existente com as autoridades de saúde na região - tanto com a direção do ACES como do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) -, Manuel Soares referiu o esforço que está a ser feito para melhorar a comunicação com os utentes, dando o exemplo da formação que vai ser ministrada brevemente aos assistentes técnicos.
Apontou, ainda, iniciativas de sensibilização para questões de saúde pública que vão acontecer na região, uma direcionada aos hotéis e restaurantes de Fátima, em preparação da grande afluência esperada na cidade em 2017, no dia 14 de novembro, e outra, um fórum sobre tabagismo e doenças oncológicas para profissionais de saúde e instituições, nomeadamente escolas, agendada para o dia seguinte.
O porta-voz da CUSMT afirmou que estão a ser elaboradas minutas de protocolos para aproveitamento dos meios complementares de diagnóstico e terapêuticos do CHMT.
Por outro lado, a CUSMT vai solicitar à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo uma “intervenção imediata” no caso da poluição atmosférica e hídrica na ribeira da Boa Água, em Torres Novas, por estar em causa a saúde pública, questão que extravasa os poderes do ACES.
Manuel Soares afirmou que, embora a ribeira da Boa Água seja a situação dos maus cheiros e da poluição do curso de água a exigir uma intervenção mais imediata, há outras na região a merecerem atenção das autoridades de saúde, nomeadamente nos concelhos de Ferreira do Zêzere e de Constância, mas também ao longo do Tejo e de vários dos seus afluentes.
Na reunião de ontem, a comissão pediu melhorias nas práticas de saúde pública que evitem casos de sobremedicação detetados na região, bem como nos horários dos prestadores de serviços, tendo em conta as “falhas consecutivas” destes profissionais em alguns centros e extensões de saúde, disse.
A persistência de dificuldades no acesso à plataforma informática, com consequências na produtividade dos médicos, e nos meios de deslocação, prejudicando a assistência domiciliária que deveria ser assegurada pelas unidades de cuidados na comunidade, foram outras questões abordadas, adiantou.
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Não podemos ser indiferentes ao descontentamento dos médicos nos tempos que correm, nunca vi tantos médicos a dizerem pensar sair ou desistir do que construíram. Desde médicos de família que pensam acabar com as suas USF, por não verem vantagem em continuarem a trabalhar no sentido da melhoria contínua (e até sentirem que os desfavorece) até médicos hospitalares a querer deixar de ser diretores de serviço, sair do sistema público e/ou, até, reformar-se antecipadamente. Tudo o que foi construído parece à beira de, rapidamente, acabar.