Maternidade e doença oncológica não são incompatíveis. Esta será a questão central do primeiro encontro médico-cientifico português sobre a doença oncológica na mulher grávida que reunirá, no Hospital Privado da Trofa, no próximo dia 7 de novembro, mais de uma centena de profissionais do setor. As estatísticas hospitalares apontam para um diagnóstico de cancro por cada 3000 grávidas. "É verdade que ainda são casos raros, mas também cada vez mais frequentes porque as mulheres engravidam progressivamente mais tarde. As estatísticas ainda não conseguiram acompanhar o que a evidência já referenciou como uma tendência crescente", revela o médico Joaquim Saraiva para explicar a escolha do tema da edição deste ano das VII Jornadas Materno-Infantis do Hospital Privado da Trofa. "O diagnóstico de uma doença oncológica na mulher grávida ou em idade reprodutiva já não é motivo para adiar o início dos tratamentos ou a gravidez. Sem esquecer que cada caso é um caso, já há soluções terapêuticas capazes de evitar metástases e controlar a doença na mulher e impedir efeitos secundários no feto", afirma, ainda, o obstetra e membro da comissão organizadora das mais antigas jornadas médicas da hospitalização privada no Norte de Portugal, que fala numa "verdadeira mudança de paradigma". Obstetras, ginecologistas e oncologistas discutirão vários temas, apresentado casos clínicos, de forma a harmonizar procedimentos multidisciplinares, tal como exigido pela complexidade da maioria dos tratamentos, para oferecer os melhores cuidados para a mãe, para o feto e para a fertilidade futura. Estudo internacional Um estudo internacional, do Hospital Universitário de Lovaina, na Bélgica, publicado, em setembro último, na revista The New England Journal e apresentado na Conferência Europeia sobre Cancro, revela que os tratamentos para o cancro – radioterapia, quimioterapia ou cirurgia – são seguros para o bebé, após as 14 semanas de gestação, e a capacidade cognitiva e funcional, em especial a nível cardíaco, não fica comprometida. Frederic Amant, autor principal desse estudo, assegura que, perante um cancro, o adiamento do tratamento ou o parto precoce poderá não ser a solução mais indicada, pois considera que a prematuridade é mais prejudicial para a criança do que a exposição à quimioterapia.