Rita Birne, nefrologista no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), esteve à conversa com o Jornal Médico acerca da doença renal crónica, uma lesão renal com perda progressiva e irreversível da função dos rins, com elevada prevalência em Portugal e cuja principal causa é a diabetes. Assista à entrevista.
A Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) lança o projeto Nefro GPS. Trata-se de um conjunto de 10 vodcasts sobre diferentes problemáticas da especialidade, gravados em vários serviços de Nefrologia do país.
O presidente do Colégio da Especialidade de Nefrologia da Ordem dos Médicos assegurou ontem, em Coimbra, que os cuidados médicos nesta área estão ao nível dos melhores a nível mundial e que é preciso manter a qualidade.
O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) inaugura hoje as novas instalações do serviço de Nefrologia, aumentando o número de postos de diálise disponíveis de 11 para 22, no âmbito de um investimento de mais de 2,3 milhões de euros.
Em comunicado, o CHMT afirma que o serviço, único no distrito de Santarém, passa a ocupar o 5.º piso da Unidade Hospitalar de Torres Novas, do CHMT (que integra ainda as unidades de Abrantes e de Tomar), com uma ala de internamento e outra para os tratamentos de diálise.
O investimento feito permitiu a instalação de “equipamentos e tecnologias de última geração”, sublinha a nota.
“Com esta renovação, o Centro Hospitalar do Médio Tejo duplica a capacidade de tratamento de doentes, em postos de diálise, tornando-se no único serviço de Nefrologia com estas características, do Serviço Nacional de Saúde (SNS), no distrito de Santarém e a segunda maior unidade de diálise hospitalar, do SNS, do país”, acrescenta.
O projeto foi iniciado em 2012, tendo sido concluído pela administração liderada por Carlos Andrade Costa, que está em funções há pouco mais de um ano.
A sessão de inauguração, marcada para hoje à tarde, contará com a presença do secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, e do presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro.
O Governo dos Açores anunciou hoje a abertura de um concurso para recrutar 42 médicos, de várias especialidades, para os três hospitais e oito unidades de saúde no arquipélago, por ser “premente fazer face ao crescente número de aposentados”.
A autorização para abertura dos procedimentos de recrutamento no âmbito das entidades públicas empresariais no setor da Saúde foi hoje publicada no Jornal Oficial da Região Autónoma dos Açores e há agora um prazo de três meses para se realizar.
O executivo açoriano adiantou que a abertura das 42 vagas resultou do levantamento das necessidades efetuado junto dos serviços de saúde. Onze vagas destinam-se à categoria de medicina geral e familiar nas Unidades de Saúde de ilha de Santa Maria, São Miguel, Terceira, Faial, Pico, Corvo, São Jorge e Flores.
Quanto aos três hospitais açorianos, distribuídos pelas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, pretende-se recrutar especialistas de Ortopedia (três), Cardiologia (dois), Cirurgia Geral (dois), Medicina Interna (dois), Anestesiologia (dois), Nefrologia (dois), Patologia Clínica (dois), Pediatria (dois), Psiquiatria (dois), Radiologia (dois), Pneumologia (um), Infecto-contagiosas (um), Medicina Intensiva (um), Urologia (um), Otorrinolaringologia (um), Gastrenterologia (um), Estomatologia (um) e Cirurgia Vascular (um)
Sem prejuízo das restrições em vigor no país, o Governo dos Açores argumenta que “não se pode descurar que o número de médicos na categoria de assistente graduado sénior”, por ser “fundamental no âmbito do internato médico, para efeitos de reconhecimento da idoneidade formativa dos serviços e estabelecimentos”.
Para além disso, faz notar que a existência de um maior ou menor número de médicos detentores desta categoria “influencia decisivamente” o funcionamento dos serviços integrados no Serviço Regional de Saúde.
Os doentes do distrito de Bragança vão ter consultas de especialidades sem deslocações com um projecto-piloto preparado para avançar até ao final do ano, anunciou hoje a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste.
Em causa não estão especialidades inexistentes na região, mas aquelas de que a ULS do Nordeste dispõe apenas nos hospitais, explicou o director clínico Domingos Fernandes.
Os doentes renais deverão ser os primeiros a usufruir do novo modelo, que vai ser experimentado na área da Nefrologia, especialidade apenas disponível no hospital de Bragança, a partir de onde os especialistas passarão a consultar à distância utentes de Mirandela.
Os dois centros de saúde de Mirandela, a segunda cidade mais populosa da região, foram os escolhidos para o projecto-piloto, cujo arranque está dependente da conclusão da plataforma que está a ser desenvolvido para o efeito e que o director clínico espera possa estar operacional durante o segundo semestre de 2015.
Domingos Fernandes adiantou ainda que a intenção é “rapidamente expandir” a teleconsulta para toda a área de influência da ULS do Nordeste e a outras especialidades médicas.
“Até ao final do ano estaremos a trabalhar”, afirmou.
O propósito é também “tentar aproximar, pelo mesmo mecanismo, os vários serviços de urgência da região à urgência mais diferenciada”, concretamente Bragança, a única médico-cirúrgica do Nordeste Transmontano.
Este projecto de teleconsulta é, como explicou, uma vertente da telemedicina que já colmata algumas lacunas em especialidades em carência na região, como o telerrastreio dermatológico.
Doentes renais de Bragança com mais dois médicos e novos serviços
A ULS do Nordeste anunciou também um reforço da Nefrologia, uma área estratégica no distrito de Bragança, com dois especialistas e a aposta em novos serviços à população, nomeadamente a diálise em casa.
A doença renal tem muito a ver com a idade e numa região envelhecida como Bragança a incidência é maior, daí a importância destas contratações, como vincou Domingos Fernandes, indicando que com estes dois profissionais, será possível “dar resposta relativamente global a todas as necessidades dos doentes desta área”.
O serviço, que fica centralizado em Bragança é agora dirigido por Odete Pereira, uma especialista que trocou a carreira no hospital de São João no Porto pelo Nordeste Transmontano, e que conta com o apoio do jovem nefrologista Rui Costa, que acaba também de chegar a esta região.
O serviço conta ainda com uma terceira profissional que nos últimos anos assegurou a especialidade em Bragança e que está a cumprir uma pena de suspensão de 90 dias aplicada pela Inspecção Geral das Actividades em Saúde, na sequência de um caso relacionado com um doente que viria a morrer.
O novo quadro de pessoal vai permitir, segundo o director clínico, “um melhor suporte ao internamento, à consulta externa, à unidade de hemodiálise e o desenvolvimento de novos projectos”.
Desenvolver um projecto para a região foi o que levou Odete Pereira a aceitar o desafio de se mudar para Bragança aos 50 anos, deixando o Porto, “onde era mais uma entre muitos”, e a aceitar uma nova experiência em que se sente a “rejuvenescer”.
A especialista elaborou um plano adequado ao desenvolvimento da Nefrologia nesta região, as valências que deve ter de imediato e as que devem ser pensadas em termos de desenvolvimento futuro num serviço que dá resposta a 70 doentes em hemodiálise, à consulta externa a toda a área da ULS do Nordeste e também aos hospitais de Mirandela e Macedo de Cavaleiros.
Um dos projectos da nova directora da Nefrologia é avançar com hemodiálise peritoneal, ou seja a diálise feita em casa, embora ainda não esteja calendarizado.
Odete Pereira explicou que “não é fácil” convencer os doentes, porque “as pessoas têm sempre receio de se auto cuidarem” e prova disso é que “dos doentes em diálise, em Portugal, apenas cinco a seis por cento está afazer o tratamento em casa”.
Ainda assim, esta será uma aposta a pensar nas grandes distâncias que caracterizam o distrito de Bragança e que fazem com que as pessoas demorem “muito tempo a chegarem a um centro de hemodiálise”.
“Nessa perspectiva aumentaria alguma coisa a qualidade de vida”, sustentou, ressalvando que este tratamento “tem sempre de ser opção do doente e não imposição”.
O primeiro projecto urgente da nova directora da nefrologia é a renovação da hemodiálise, nomeadamente rever todos os procedimentos para garantir a segurança e o adequado tratamento dos doentes.
De 15 a 18 de Abril decorre o Encontro Renal 2015, que integra o XXIX Congresso Português de Nefrologia, o XXIX Congresso da Associação Portuguesa e Enfermeiros de Diálise e Transplantação (APEDT) e o VII Congresso Luso-Brasileiro de Nefrologia.
A doença renal em crianças tem implicações no desenvolvimento físico, mental e emocional, por isso, a suspeita deve ser iniciada pelo histórico familiar. A doença renal em crianças e adolescentes é um dos temas que vai ser discutido no Encontro Renal 2014, que acontece entre os dias 9 a 12 de Abril, em Vilamoura.
O diagnóstico tardio é a principal causa de comprometimento da função renal nas crianças e adolescentes. De acordo com os últimos dados do Gabinete de Registo das Biópsias Renais da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), o total de biópsias renais realizadas no ano de 2013 foi de 788. Destas, 15 foram realizadas na população com menos de 15 anos, o que corresponde a 3,3%.
"Se a doença renal não for diagnosticada precocemente, a criança pode desenvolver outras doenças associadas” refere Fernanda Carvalho, nefrologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN).
E acrescenta: “lesões renais mais graves podem levar à perda progressiva da função dos rins, com doença renal terminal, obrigando a recorrer à diálise e ao transplante renal.”
Grande parte destas doenças é hereditária ou acontecem durante a gestação. No entanto, embora menos comum, a diabetes e a hipertensão arterial também podem levar à doença renal crónica.
É importante que os pais estejam atentos a todos os sinais de alerta – edemas, cor e odor da urina, sinais de cansaço e atraso de crescimento. As crianças devem manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas e vegetais, beber água e serem incentivadas à prática de exercício físico.
Em Portugal, estima-se que cerca de 800 mil pessoas deverão sofrer de doença renal crónica. A progressão da doença é muitas vezes silenciosa, o que leva o doente a recorrer ao médico tardiamente, já com menos possibilidade de recuperação.
Todos os anos surgem mais de dois mil novos casos de doentes em falência renal. Em Portugal existem actualmente cerca de 16 mil doentes em tratamento substitutivo da função renal (cerca de 2/3 em diálise e 1/3 já transplantados), e cerca de dois mil aguardam em lista de espera a possibilidade de um transplante renal.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.