Leia o artigo de opinião da autoria de António Alvim, especialista de Medicina Geral e Familiar, na USF Rodrigues Migueis, a propósito do cancro colorretal e da importância dos rastreios e da prevenção.
Quando se recorre a uma consulta médica por sintomas relacionados com um cancro, geralmente este já está em fase avançada.
E por isso é importante o rastreio em alguns tipos de cancro, tais como o do cancro colorretal e o do colo do útero, em que, mais que o encontrar um cancro em início, o que por vezes, felizmente, acontece, importa detetar, eliminar ou tratar lesões que poderão vir a evoluir para cancro.
A pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF)
O cancro colorretal tem, muitas vezes, origem em pólipos. Pólipos que podem ser facilmente removidos e eliminados numa colonoscopia simples.
Como não existe a capacidade de realizar colonoscopias a toda a gente, optou-se por se fazer uma triagem através da pesquisa de sangue oculto nas fezes, que é um exame muito simples e não invasivo, sem quaisquer risco ou complicações.
Hoje existem métodos de colheita e de guardar a amostra muito fáceis não havendo assim quaisquer razões para não se fazer este exame por repulsa ou nojo.
Aqueles a quem o teste de pesquisa de sangue oculto nas fezes deu positivo, devem fazer colonoscopia. Note-se que uma PSOF positiva geralmente está relacionada com patologia benigna do ânus, como fissuras ou hemorroidas, pelo que uma PSOF positiva não é uma sentença de cancro. Apenas uma indicação para um estudo mais aprofundado através da colonoscopia.
A participação do Médico de Família / Assistente é fundamental…
O Médico de Família tem um papel muito importante no aconselhar este rastreio a quem o consulta. Hoje em dia, as unidades de Médicos de Família organizadas, estão a promover o rastreio sistemático, através da pesquisa de sangue oculto nas fezes de 2 em dois anos, a todos os utentes entre os 50 e os 74 anos, aliás de acordo com as normas da Direção Geral de Saúde.
Mas sabemos que nem toda a gente tem Medico de Família, e que, tendo, nem todos o consultam.
Na minha vida de Médico de Família, tenho a satisfação de muitos casos de sucesso através da Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes, que permitiu quer detetar, tratar e eliminar muitos pólipos na fase benigna quer alguns cancros colon-rectais em fase inicial e tratável. Mas também alguns casos em que lamento não se ter pedido a PSOF…
…e a promoção do rastreio por outras entidades também!
Todas as entidades que promovam rastreio do cancro colorretal são bem-vindas, pelo que o Grupo Ageas Portugal, a Médis, a Fundação Ageas e a Europacolon estão de parabéns por esta iniciativa. Iniciativa que tem o mérito fundamental de qualquer rastreio: ter como dar seguimento aos casos positivos, assegurando, neste caso, a rápida colonoscopia.
Neste momento os CSP encontram-se sobrecarregados de processos burocráticos inúteis, duplicados, desnecessários, que comprometem a relação médico-doente e que retiram tempo para a atividade assistencial.