A comunicação do risco é da maior relevância para a prática da Saúde Pública. A veiculação de comportamentos e atitudes redutores do risco, em especial em contexto de epidemias por doenças de transmissão interpessoal, não só contribui para a sua gestão apropriada, como controla a sobrestimação do risco classicamente associada a este tipo de fenómenos.
O processo nacional de planeamento para a pandemia de gripe que sobreveio em 2009 foi iniciado, em 2005-2006, em contexto pós-crise da epidemia de SARS de 2002-2003 (“pneumonia atípica”) e de crise pela gripe A(H5N1) ou “gripe aviária”. Implicou a recolha da evidência disponível e teve, nos relatos históricos da gripe pandémica de 1918, o referencial para o pior cenário (worst case).
Era 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde declarou o estado de Pandemia por COVID-19 e a organização dos serviços saúde, como conhecíamos até então, mudou. Reorganizaram-se serviços, redefiniram-se prioridades, com um fim comum: combater o SARS-CoV-2 e evitar o colapso do Serviço Nacional de Saúde, que, sem pandemia, já vivia em constante sobrecarga.