O Médico de Família é o primeiro ponto de contacto do utente com os serviços de saúde desde a infância e beneficia de uma relação privilegiada com os núcleos familiares, pelo que adota um papel de destaque na prevenção e gestão de perturbações de saúde mental em crianças e adolescentes.
Na medicina moderna, a relação médico-doente evoluiu para uma relação par a par. A medicina paternalista (felizmente) caiu em desuso e o utente encontra-se, cada vez mais, dotado de capacidades para fazer parte duma decisão clínica partilhada. Com isto, surgem novos desafios para a prática clínica como a recusa de intervenções médicas baseadas no exercício dos direitos individuais de liberdade e de autonomia, explícitos na Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes, nas recomendações da OMS e a nível nacional pela DGS.
Nas últimas décadas, o crescimento verificado na esperança média de vida fez aumentar o número de indivíduos viúvos. A morte do cônjuge é descrita como uma das experiências mais devastadoras e desafiantes na vida de uma pessoa, ocupando o primeiro lugar na lista de eventos indutores de stress da Escala de Holmes e Rahe, utilizada para aferir o sofrimento psicológico e a sua relação com a suscetibilidade de desenvolver doença. Por sua vez, o aumento da prevalência de perturbações mentais verificada durante esta fase reflete-se num aumento das despesas em saúde e do absentismo laboral, contribuindo para o potencial agravamento da situação financeira destes indivíduos.