Quantas vezes “levamos para casa” um caso de um doente que nos preocupa, que parece não sair do nosso pensamento? É um facto que nem todas as consultas que fazemos ficam restritas ao consultório, à receita passada ou aos exames pedidos - uma realidade que é bem característica na Medicina Geral e Familiar, provavelmente fruto da especial relação médico-doente que desenvolvemos ao longo do tempo. Algumas destas consultas ficam na nossa mente, pelos mais variados motivos, e nem sempre há possibilidade de discutir o impacto desse contacto com outros colegas nos dias atarefados que vivemos.
Sou do tempo em que, na Zona Centro, não se conhecia a grelha de avaliação curricular, do exame final da especialidade. Cada Interno fazia o melhor que sabia e podia, com os conselhos dos seus orientadores e de internos de anos anteriores. Tive a sorte de ter uma orientadora muito dinâmica e que me deu espaço para desenvolver projectos e actividades que me mantiveram motivada, mas o verdadeiro foco sempre foi o de aprender a comunicar o melhor possível com as pessoas que nos procuram e a abordar correctamente os seus problemas. Se me perguntarem se gostaria de ter sabido melhor o que se esperava que fizesse durante os meus três anos de especialidade, responderei afirmativamente, contudo acho que temos vindo a caminhar para o outro extremo.