Victor Ramos: “Identidade organizacional e desgovernamentalização são indispensáveis”

27 Mar 2018

“Um estímulo para continuar dedicado à clínica durante mais um tempo”. É desta forma que, aos 64 anos, o médico de família Victor Ramos encara o Prémio Miller Guerra, que lhe foi atribuído no final de 2017. A propósito da distinção, voltou a afirmar, em entrevista ao Jornal Médico, que “o que mais o sensibilizou foi o facto de a candidatura ter sido apresentada por um conjunto de colegas”. Conversámos com este protagonista da MGF e dos CSP portugueses num espaço que conhece bem: uma sala de aulas da ENSP, em Lisboa, onde despontou – na altura, enquanto aluno – a paixão pela medicina comunitária e de proximidade, e onde hoje é professor. É na ambivalência entre “homem do terreno” e “pensador/filósofo” que tem percorrido o seu caminho e que se autodefine como técnico, renunciando à política enquanto carreira. No que diz respeito ao Serviço Nacional de Saúde – uma das suas oito “tribos” – Victor Ramos defende a criação de uma identidade organizacional e a necessidade de uma desgovernamentalização, protegendo-o dos zigue-zagues de ciclos políticos curtos com mudanças frequentes nos Governos. Isto para que o SNS seja, cada vez mais, um serviço público com elevada qualificação técnica e grande sensibilidade social. Ao longo de hora e meia de entrevista, a humildade – caraterística que amiúde lhe é imputada de forma consensual e transversal – esteve sempre presente.

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