Respostas de saúde aos migrantes
Ao longo de todo o meu internato, numa USF modelo B acreditada, sentia que os utentes tinham as suas patologias muito bem controladas, revelavam um uso excessivo das consultas, necessitavam apenas de pequenos ajustes terapêuticos em planos já bem definidos o que limitava o meu treino na abordagem de doentes complexos, novos diagnósticos e estabelecimentos de planos terapêuticos de novo. Os utentes por mim acompanhados tinham uma boa literacia em saúde – resultado de anos de comunicação com a sua médica de família; as mulheres faziam consultas pré-concecionais, marcavam consulta de saúde materna assim que tinham um teste de gravidez positivo e cumpriam todo o plano de vigilância; as crianças podiam fazer teste do pezinho no domicílio e faziam muitas vezes duplo seguimento de vigilância.
Na minha unidade de formação desde cedo percebemos que dávamos tudo a quem tinha tudo – e bem. Mas havia os outros… Aqueles que estavam logo ali ao virar da esquina e não tinham nada. Não estavam no seu país, não estavam junto da sua família, não tinham número de utente, não tinham médico de família mas tinham problemas de saúde por identificar.
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