Presidente-eleita da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, Rosa de Pinho dará continuidade ao legado do caminho já traçado pelos seus antecessores, consciente de que “na área da saúde, todo o investimento feito no presente, apenas se vai refletir a longo prazo”. Caberá à nova direção do triénio 2023/2025 desenvolver o programa estratégico delineado para controlar, até 2026, mais de metade dos hipertensos vigiados nos Cuidados de Saúde Primários. Alinhada com esta causa, Rosa de Pinho pretende investir na formação da comunidade, em geral, dos profissionais de saúde não médicos e, em especial, colegas de MGF, que acompanham a grande maioria deste grupo de doentes.
As doenças cardio e cérebro-vasculares e as implicações quanto à hipertensão arterial (HTA) estão associadas a um crescente número de hospitalizações e redução da esperança e qualidade vida. Nesse sentido, leia o artigo de opinião da autoria de Fernando Pinto, assistente graduado sénior de Cardiologia no Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga (CHEDV) e membro da comissão científica da Sociedade Portuguesa do AVC.
A Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) associou-se, pela primeira vez, ao registo mundial de pressão arterial (HTA) coordenado pela Sociedade Internacional de Hipertensão, tendo feito um rastreio a mais de 800 pessoas.
Este ano, as atividades comemorativas do Dia Mundial da Hipertensão (DMH), efeméride assinalada no dia 17 de maio, serão realizadas em Almada, cidade eleita pela Sociedade Portuguesa da Hipertensão (SPH).
Perto de um quinto dos portugueses adiciona sal no prato da sua refeição e 13,7% das pessoas com hipertensão arterial (HTA) tem este hábito, segundo resultados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF).
A 17 de Maio celebra-se o Dia Mundial da Hipertensão, e o Grupo de Estudo da Hipertensão Arterial em Pediatria da Sociedade Portuguesa de Pediatria lembra que a hipertensão arterial (HTA) afeta crianças e adolescentes e é um fator de risco importante, independente e potencialmente reversível de doença cardiovascular e doença renal terminal em qualquer idade.
A medição da pressão arterial deve ser realizada em todas as crianças a partir dos 3 anos, nas consultas de vigilância de saúde infantil, como recomendado no programa nacional de saúde infantil e juvenil da Direção-Geral da Saúde.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria, considera importante sensibilizar a população em geral (pais, educadores e técnicos de saúde) para a importância do reconhecimento da hipertensão arterial e sobretudo para promover globalmente estilos de vida saudável como forma de prevenção.
Desta forma, o grupo de estudo vai promover acções de Educação para a Saúde relacionadas com esta temática. Estas realizar-se-ão nas escolas, com o apoio da comunidade escolar, visando sensibilizar os mais novos e através deles os pais, os cuidadores e a população em geral.
As mulheres que desenvolvem hipertensão (HTA) ou diabetes gestacional durante a gravidez poderão apresentar um risco acrescido de voltar a sofrer destes problemas numa fase posterior das suas vidas, sugerem os resultados de um estudo holandês recentemente divulgados no jornal Hypertension.
De forma a avaliar a forma como estas complicações gestacionais podem vir a ter um impacto na saúde futura da mulher, os investigadores do Centro Médico da Universidade (UMC) de Utrecht seguiram mais de 22 mil mulheres na faixa etária dos 50 anos, durante cerca de 27 a 29 anos após a ocorrência das suas primeiras gravidezes, descobrindo que as mulheres que tinham tido HTA durante a gestação tinham duas vezes maior probabilidade de vir a ter esta condição comparativamente com as mulheres que não tinham tido este problema na gravidez. Para além disso, os investigadores apuraram que as mulheres com HTA na gravidez apresentavam um risco acrescido de virem a sofrer de doença cardiovascular (DCV) numa fase posterior das suas vidas.
No caso da diabetes gestacional, o nível de risco apurado pela equipa de investigação liderada por Karst Heida foi ainda mais relevante. Isto porque mulheres que tiveram a condição durante a gravidez apresentaram uma probabilidade quatro vezes maior de virem a desenvolver diabetes no futuro. Os investigadores holandeses apuraram que de entre todas as mulheres que desenvolveram diabetes ou HTA numa fase posterior das suas vidas, estes problemas foram identificados mais precocemente nas que já os haviam experienciado durante a gravidez.
“Se consciencializarmos que as mulheres que desenvolvem desordens hipertensivas durante a gestação apresentam um risco acrescido de sofrerem de HTA e DCV subsequentes, e que as mulheres com diabetes gestacional têm uma muito maior probabilidade de virem a ter diabetes tipo 2, facilmente percebemos que esta população beneficiariam da introdução de programas de rastreio”, comentou o médico do UMC de Utrecht e investigador líder da pesquisa.
Informação “valiosa” na prevenção das DCV
No total, aproximadamente 6.200 mulheres (28%) neste estudo apresentaram HTA ou pressão arterial (PA) elevada durante a gravidez e cerca de 1.100 (5%) sofreram de diabetes gestacional. Nos anos seguintes, ocorreram mais de 2.500 eventos cardiovasculares, dos quais 1.500 associados a doença cardíaca e 720 devido a acidente vascular cerebral (AVC).
As mulheres com HTA gestacional foram posteriormente diagnosticadas com HTA por volta dos 44 anos (em média), ou seja, cerca de oito anos mais cedo do que as mulheres que desenvolveram HTA sem terem tido essa condição na gravidez.
A grande limitação deste estudo foi o facto de assentar na lembrança das mulheres no que toca à ocorrência ou não de HTA e diabetes durante as suas gravidezes, que aconteceram vários anos antes do início do estudo, referiram os autores no Hypertension. De salientar, ainda, que os níveis elevados de PA são mais prejudiciais quanto mais cedo na gestação se desenvolverem, sendo que neste estudo os investigadores não conseguiram identificar esse timing nas mulheres avaliadas.
Ainda assim, as conclusões deste estudo devem servir de alerta para as mulheres encararem qualquer complicação na gravidez como um risco acrescido em termos de saúde futura, comentou a investigadora da Universidade McGill de Montreal, Kaberi Dasgupta.
Por sua vez, Deirdre Tobias, investigadora do Brigham and Women’s Hospital e da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, apontou que as mulheres podem minimizar o risco de virem a sofrer deste tipo de complicação se tiverem um peso normal na altura em que engravidam e se, no caso de desenvolverem HTA ou diabetes gestacional, trabalharem diretamente com o seu médico para melhorar o estilo de vida, nomeadamente ao nível da dieta. “Saber que as mulheres que têm estes problemas na gravidez apresentam um risco acrescido de determinados outcomes em saúde numa fase posterior das suas vidas pode ser uma informação valiosa; uma janela aberta para o seu potencial de risco em saúde futuro”, refere Deirdre Tobias, acrescentando que “devemos utilizar esta informação como alavanca para ajudar as mulheres a monitorizarem o seu estado de saúde depois da gravidez e motivá-las para uma mudança de estilo de vida, na medida em que diabetes, HTA e DCV estão no grupo das doenças preveníveis”.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.