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Portugal tem atualmente cerca de 500 mil sobreviventes de cancro e perto de 100 mil doentes em tratamento, segundo dados ontem apresentados pela Liga Portuguesa Contra o Cancro.

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A Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC) considera que as consultas de oncologia têm que ter duração suficiente para um doente ficar esclarecido sobre as alternativas terapêuticas existentes e, desta forma, poder decidir conscientemente qual o tratamento que prefere.

“A nós [LPCC] preocupa mais incutir no doente que tenha um papel ativo na decisão, no que vai acontecer, nos atos médicos participados, e que a equipa médica olhe para o doente e não para a doença. Há pouco tempo para o diálogo com o doente e é necessário. Não é possível com 20 minutos para cada doente”, disse à Lusa o médico oncologista Carlos Oliveira.

Esta é uma das alterações possíveis e necessárias na área da oncologia, que assiste a um aumento dos casos de cancro, mas também do número de sobreviventes, e que precisa de mudar o paradigma dos cuidados médicos, centrando-os no doente e não na doença, defende o presidente do núcleo regional do Centro da LPCC.

Por isso, decorre nos dias 12 e 13 de novembro, em Coimbra, uma conferência internacional subordinada ao tema “cancer patient advocacy”, conceito nascido nos Estados Unidos nos anos 50 e que diz respeito ao apoio, à proteção, à defesa e à informação ao doente, para intervir na decisão, explicou.

“Verificou-se em todo o mundo desenvolvido um aumento muito grande de doentes com cancro e, sobretudo, sobreviventes de cancro. Não se usa o termo cura em cancro, mas acaba por haver sobrevivência a longo prazo, o que fez com que este conceito viesse à ribalta”, disse o responsável da LPCC, que organiza a conferência.

Este conceito assenta em três pilares: medicina centrada no doente e não na doença, participação do doente na decisão, quer em técnicas de diagnóstico, quer na decisão de tratamento, e finalmente proteção do doente em relação ao erro médico e ao erro em saúde.

“Pretende-se mudar o paradigma de cuidados médicos e permitir maior intervenção do doente no que lhe é proposto. No cancro, por vezes, para a mesma situação já há mais do que uma alternativa terapêutica, ambas validadas cientificamente e com os mesmos resultados. Aqui o doente deve participar”, explicou o médico.

Da conferência não vão sair decisões, o encontro serve sobretudo para discutir linhas de orientação, o papel de cada um e iniciar um processo.

O primeiro passo é um pontapé de saída para nos organizarmos, como toda a Europa, para que, com todas as organizações de doentes, darmos voz aos doentes e estimular uma intervenção maior do doente na decisão.

Atualmente impera toda uma filosofia diferente de abordagem muito centrada na doença, em que o médico é o principal decisor.

“É comum termos doentes que perante duas terapêuticas possíveis respondem ‘o senhor é médico, escolha o melhor para mim'. Esta atitude tem que ser modificada, os médicos têm que explicar as vantagens e desvantagens das alternativas e o doente tem que escolher”, disse.

Segundo Carlos Oliveira, isto exige treino de pessoas que possam transmitir as informações aos doentes. A LPCC tem um grupo de voluntários, de entre os quais serão escolhidos os mais vocacionados para esta área, para poderem ser treinados.

Há também o caso dos doentes de sobrevivência avançada, que não estão livres de recaída: esses devem saber o que é um ensaio clinico, a vantagem de participação no ensaio clinico, a participação do doente no desenho da investigação clinica.

O médico e o doente têm que ter tempo para o doente perceber toda a extensão da doença, disse o médico, referindo-se inclusivamente às consequências possíveis da terapêutica escolhida, e exemplifica: “Uma senhora com cancro da mama tem duas opções: tirar a mama [mastectomia] ou fazer uma cirurgia conservadora, embora neste caso tenha que fazer radioterapia a seguir. Se a senhora vem de uma zona onde não existe radioterapia, como ilhas dos Açores, diz ‘tire-me a mama porque quero ir para perto da minha família, não quero ficar aqui deslocada durante um mês a fazer radio. Nessa escolha, em termos de resultados científicos, a probabilidade de viver é a mesma, mas tem implicações na vida da doente, na inserção social e até na atividade profissional”.

Em Portugal surgem entre 40 e 50 mil novos casos de cancro por ano e prevê-se que venham a aumentar 15% a 20% até 2030.

Em termos de incidência, o cancro da mama é o mais frequente nas mulheres, o da próstata nos homens e o colorretal em ambos os sexos também com uma incidência muito grande.

Em Portugal, também são bastante frequentes os cancros do estômago e do colo do útero, na mulher, acrescentou Carlos Oliveira, destacando ainda. “pela sua gravidade, embora a incidência não seja tão elevada”, o cancro do pulmão, em que 95% dos doentes morrem em cinco anos.

 Lusa

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A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) vai organizar em Coimbra uma conferência, a 12 e 13 de novembro, sobre “cancer patient advocacy”, conceito que propõe que os cuidados médicos se centrem no doente e não na doença.

A Liga quer propor um debate, envolvendo diferentes intervenientes, sobre a implementação de “patient advocacy” em Portugal, um conceito que aborda "a medicina centrada no doente, a participação do doente na decisão do diagnóstico e do tratamento e a proteção do doente em relação ao erro em saúde", disse à agência Lusa o presidente do núcleo regional do Cento da LPCC, Carlos Oliveira.

O conceito, nascido nos Estados Unidos nos anos 1950, aborda a defesa e proteção dos doentes, mas não só, referiu Carlos Oliveira, considerando importante abordar este conceito em Portugal, em especial para doenças crónicas, como é o caso do cancro.

"A importância é centrar a medicina e os cuidados médicos no doente e não na doença", salientou Carlos Oliveira, frisando que atualmente "os médicos estão mais preocupados em tratar doenças do que em tratar doentes", sendo que "pouco ou nada está feito" no sentido de inverter essa situação.

No caso do cancro, a participação do doente na decisão "é muito importante, porque em diferentes situações há diferentes tipos de tratamento com o mesmo resultado final, mas com consequências diferentes, e o doente tem de interferir na decisão", esclareceu, sublinhando que é necessário que se afaste da ideia, muitas vezes presente no doente, de que "o senhor doutor é que sabe e é que decide".

"Muitas vezes, os médicos esquecem-se de que o doente está preocupado com a doença que tem, que pode ter problemas no seio familiar, no emprego ou na aceitação da própria doença", sendo que o “patient advocacy” pode ajudar a encarar o doente "no seu ambiente, na sua globalidade".

O próprio conceito poderá ajudar a educar os doentes para estes perceberem "porque devem ajudar na decisão e não devem deixar exclusivamente no médico a decisão", apontou Carlos Oliveira.

Por agora a Liga ainda não sabe como poderá ser implementado o “patient advocacy” em Portugal, sendo a conferência que se realiza em novembro uma oportunidade para se encontrarem "respostas" e modelos de atuação, explanou.

Na conferência, que decorre no Hotel Vila Galé, vão estar diversas instituições representadas, como Faculdades de Medicina, Ordem dos Médicos e dos Enfermeiros, o Centro de Direito Biomédico da Universidade de Coimbra, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Direção Geral de Saúde, Infarmed ou a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, entre outras entidades.

Lusa

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O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro/Norte afirmou hoje que a prevenção oncológica continua a ser “um elo muito frágil”, referindo que grande parte dos cancros no nosso país continuam a ser detectados tardiamente.

Vítor Veloso defendeu a necessidade de o Estado adoptar medidas “urgentes e adequadas” no campo da prevenção primária e secundária.

“É necessário que o Estado compreenda que embora este tipo de prevenção seja, sob o ponto de vista económico, um pouco pesado inicialmente, esse investimento tem a médio prazo (5/10 anos) uma compensação muito grande em termos económicos, porque é totalmente diferente tratar um doente com cancro inicial do que tratar um doente com cancro avançado”, sublinhou.

Para o presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) “[o doente] além de ter uma sobrevivência muito menor, de não poder ser curado e de ter má qualidade de vida, vai gastar ao erário público o triplo, o quádruplo ou o quíntuplo do que um cancro inicial”.

Vítor Veloso falava à Lusa a propósito do II Congresso Nacional de prevenção Oncológica e Direitos dos Doentes que se realiza na sexta-feira e no sábado, no Porto.

Em relação aos resultados dos rastreios de base populacional (prevenção secundária) realizados em Portugal (cancro da mama, cancro do colo do útero e cancro colorrectal), Vítor Veloso referiu que em relação ao cancro do colo do útero, “no norte e sul esse rastreio praticamente não funciona, na medida em que são rastreios oportunísticos, que não têm estrutura, qualidade e, nesse sentido, ainda não são, de maneira nenhuma, consequentes. O mesmo sucede em relação ao cancro do cólon e recto”.

“Espero que estas situações sejam ultrapassadas e que os rastreios que estão atribuídos às respectivas Administrações Regionais de Saúde ultrapassem as barreiras e comecem a funcionar com qualidade e com as respectivas estruturas”, disse.

No que se refere ao rastreio do cancro da mama, realizado pela LPCC, Vítor Veloso afirmou que “no centro está praticamente concluído e, no norte, cerca de 80 por cento da população já está coberta”.

“Esperamos que no próximo ano tenhamos já a população de todo o norte também completamente rastreada. No sul há grandes áreas que não estão cobertas, não por culpa da liga, mas por culpa de outras situações que correspondem muitas vezes a interesses instalados”, afirmou.

Outro dos assuntos que estará em análise no congresso serão os direitos dos doentes oncológicos e sobreviventes de cancro.

Segundo o responsável, a legislação em vigor no nosso país encontra-se dispersa por diversos decretos-lei, portarias e normas de orientação, “facto que impossibilita os doentes de terem um conhecimento adequado e, em tempo útil, dos seus direitos nos mais diversos aspectos e sectores”.

“Esta situação permite que os doentes oncológicos sistematicamente sofram atropelos por parte das diferentes entidades de saúde, as quais sistematicamente informam, não conhecer ou não terem indicações relativas aos direitos legais dos doentes”, nomeadamente, no que se refere ao pagamento de taxas moderadoras.

Segundo a LPCC, os maus hábitos de vida como o álcool e o tabaco, a sedentarização, uma má alimentação e obesidade e o mau uso do sol agravam o risco de cancro. Se estes comportamentos fossem evitados conseguia-se evitar o cancro em 80% dos casos.

É por esse motivo que Vítor Veloso insiste na necessidade de “implementar planos de educação estruturados nas escolas e na comunidade em geral de estilos de vida saudáveis. Informar a população e sensibilizá-las para os comportamentos de risco. Depois deste primeiro grande passo, deveriam criar-se estruturas que permitissem um rastreio abrangente, dirigido e de diagnóstico precoce da doença”.

A Organização Mundial de Saúde prevê, caso não sejam adoptadas medidas urgentes e adequadas no campo da prevenção primária e secundária, um aumento de 50% de novos casos de cancro nos próximos 20 anos.

Segundo a LPCC, em Portugal são diagnosticados anualmente 55 mil novos casos de cancro aumentando gradualmente nos últimos anos. A taxa de sobrevivência dos doentes ronda os 55% (doença controlada há pelo menos 10 anos). É já considerado o principal problema de saúde pública, sendo cada vez mais encarado como uma doença crónica.

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Cerca de um quarto das mulheres falha a consulta anual de ginecologia, segundo um inquérito on-line realizado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, no qual apenas 1% das inquiridas mostrou preocupação com o cancro do ovário.

A propósito do Dia Mundial do Cancro do Ovário, que se assinala na quinta-feira, a Liga divulgou alguns dados de um estudo realizado através do seu site a 40 mil mulheres com o objectivo de perceber o nível de conhecimento das portuguesas relativamente a esta doença.

Cerca de 79% das inquiridas reconhecem que o desconhecimento geral sobre a doença e os escassos progressos dos tratamentos têm contribuído para a “elevada taxa de mortalidade por cancro do ovário”.

De acordo com informação da Liga, este tipo de cancro é a sétima causa de morte no sexo feminino e a sua incidência está a aumentar nos países desenvolvidos. Só a vigilância regular da saúde da mulher e um diagnóstico precoce pode inverter esta tendência.

Os sintomas do cancro do ovário são pouco específicos e entre eles estão a pressão ou dor abdominal, abdómen inchado, sensação de enfartamento, perda de apetite ou prisão de ventre.

A esmagadora maioria das mulheres que responderem ao inquérito da Liga reconhece a dificuldade de diagnóstico por falta de especificidade de sintomas, mas ainda assim uma em cada quatro falha a consulta anual com o ginecologista.

No inquérito, apenas 1% das mulheres questionadas mostrou preocupação com o cancro do ovário, enquanto 61% considera o da mama o tipo de tumor mais preocupante. Os resultados indicam ainda que só 3% das inquiridas reconhece que o risco de a doença aparecer se torna mais elevado a partir dos 60 anos.

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[caption id="attachment_5876" align="alignleft" width="300"]hospitaluniversidadedecoimbra "Pela primeira vez, vai ser assinado um protocolo de colaboração entre um núcleo regional e um grande hospital central universitário, que vai abranger dois tipos de apoio social e a entrada dos nossos voluntários na ajuda aos doentes", explicou à agência Lusa Carlos Oliveira, presidente da estrutura regional do Centro da Liga[/caption]

O Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro vai estender o seu apoio aos doentes oncológicos em tratamento no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), através da assinatura de um protocolo.

"Pela primeira vez, vai ser assinado um protocolo de colaboração entre um núcleo regional e um grande hospital central universitário, que vai abranger dois tipos de apoio social e a entrada dos nossos voluntários na ajuda aos doentes", explicou à agência Lusa Carlos Oliveira, presidente da estrutura regional do Centro da Liga.

Segundo o médico e professor universitário, até agora o apoio da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) era dirigido aos doentes dos núcleos do Instituto Português de Oncologia e a alguns hospitais de pequena dimensão, como os de Évora, Viseu ou Covilhã.

Com a celebração do protocolo, na sexta-feira, às 10:30, a LPCC vai estar presente no Hospital de Dia de Oncologia Médica e Serviço de Radioterapia, Ginecologia, Cirurgia, Gastroenterologia e Otorrinolaringologia do CHUC.

O apoio do núcleo regional do Centro abrange o auxílio financeiro a doentes e famílias em que exista, comprovadamente, necessidades emergentes, de forma a minimizar o impacto da doença no agregado familiar e a promover a reintegração social.

Por outro lado, segundo Carlos Oliveira, vai existir apoio social ao nível do transporte dentro da área do concelho de Coimbra, através de uma viatura que transporta doentes ao comboio ou às gares rodoviárias.

O protocolo inclui ainda a entrada dos voluntários da LPCC no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra para ajudar os doentes nas deslocações internas, nas refeições e em outras tarefas necessárias.

Na prática, sintetiza Carlos Oliveira, "vamos estender o tipo de apoio que já prestávamos aos doentes do Instituto Português de Oncologia".

A estrutura deve estar a funcionar dentro de "dois ou três meses", contando com uma verba de 300 mil euros, que poderá ser aumentada de acordo com as necessidades.

"Nenhum doente com dificuldades comprovadas deixará de ser apoiado", garantiu o presidente do núcleo regional do Centro.

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O (Des)alento da Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde
Editorial | Joana Torres
O (Des)alento da Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde

A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.