A Global Coalition for Melanoma Patient Advocacy concluiu que ficaram por diagnosticar em 2020 um em cada cinco melanomas. É estimado que mais de 270 casos não foram identificados em Portugal.
A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) instiste na necessidade do autoexame para detetar eventuais sinais pré-cancerosos e, no âmbito do Dia do Euromelanoma, recomenda o agendamento das teleconsultas com o médico de família.
Assinala-se hoje, 11 de maio, o Dia Europeu do Melanoma, doença que surge devido à proliferação maligna dos melanócitos e que, em 95% dos casos, é cutânea.
Quarenta serviços de dermatologia de todo o país vão realizar no dia 11 de maio, dia do Euromelanoma, o rastreio gratuito anual, que em 2015 detetou 77 suspeitas de cancro e 112 sinais potencialmente cancerígenos.
Segundo a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), que divulga na quarta-feira os dados mais recentes do cancro da pele no país, é fundamental que as pessoas façam o autoexame e tomem medidas preventivas contra os cancros de pele.
“No dia 11 de maio, Dia do Euromelanoma, mais de 40 serviços dermatologia vão fazer o rastreio gratuito. No dia 4 em www.apcancrocutaneo.pt estarão discriminados os serviços e contactos a que as pessoas poderão recorrer”, disse Osvaldo Correia, secretário-geral da APCC.
Desde 2000, há a dedicação de um dia à mensagem do autoexame e do diagnóstico precoce de vários tipos de cancro de pele, acrescentou.
Osvaldo Correia explicou que o melanoma não é o cancro mais frequente, mas é o “mais temível, porque é mortal”.
Existem outros - os mais frequentes são o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular -, sendo que estas lesões se traduzem no maior espetro de cancro humano que existe, explicou o responsável.
“Queremos que as pessoas percebam que não existe um cancro de pele, existem vários cancros de pele e que conheçam as várias fases que um cancro pode ter, para fazerem o autoexame”, sublinhou.
Fazendo um balanço do rastreio de 2015, Osvaldo Correia revelou que entre mais de 1.600 pessoas, foram detetadas 112 com queratoses actínicas, um precursor de carcinoma espinoceular, 16 suspeitas de melanoma e 61 com suspeita clínica de carcinomas.
O responsável da APCC destacou que 65% dos casos já eram suspeitados pelo paciente, o que considerou um motivo de “regozijo no estímulo ao autoexame”.
“À medida que os anos passam vamos tendo cada vez mais sinais, mas é preciso reconhecer o patinho feio: um sinal novo com aspeto mais escuro ou que mudou de cor, que ficou irregular ou uma ferida que não cicatriza. É pelo autoexame que podemos ter menos morbilidade e menos mortalidade”, considerou.
Entre as medidas profiláticas, além do autoexame, Osvaldo Correia destaca a importância dos rastreios periódicos e o cuidado com o sol, sobretudo entre praticantes de desporto ou trabalhadores ao ar livre.
Na quarta-feira serão ainda revelados dados relativos ao perfil do praticante de desporto ao ar livre que pode ter comportamentos de risco, sendo os mais novos e os mais velhos quem mais se expõe: apenas 7% dos praticantes com menos de 25 anos usam chapéu quando estão a correr e 22% dos que têm mais de 45 anos.
Além disso, um inquérito feito a mais de 1.300 participantes em maratonas, revelou que essas pessoas têm um conhecimento de sinais de risco muito baixo: 90% identificam melanoma como sendo um cancro de pele, mas poucas associam os outros.
Assim, apenas 37% associaram o carcinoma vasocelular e 26% associaram o carcinoma espinocelular a cancro, enquanto só 14% reconheceram as queratoses actínicas como risco de cancro de pele.
Osvaldo Correia reconhece a importância da corrida ao ar livre, mas lembra a necessidade de usar e renovar protetor solar, camisola, chapéu e óculos escuros, e de escolher os horários antes das 10h00 ou depois das 20h00, que são as “horas mais seguras”.
As queimaduras solares são reportadas com frequência por estas pessoas, sobretudo no couro cabeludo (homens), orelhas, pescoço e face.
Osvaldo Correia anunciou ainda que durante os dias 13 e 14 de maio vão decorrer ações de formação sobre cancro de pele para profissionais de saúde e educação, com varias sessões, na Universidade católica, em Lisboa.
O secretário-geral da APCC lembrou ainda que as pessoas que frequentam solários têm um histórico de mais queimaduras solares, menores proteções e mais exposição a horas perigosas.
Apesar de já existir legislação para regular o uso dos solários, Osvaldo Correia considera que é preciso mais fiscalização e, idealmente, a sua abolição.
“Já somos dos melhores da Europa, mas queremos alinhar com a Austrália e com o Brasil, que já desistiram dos solários, reconhecidos como cancerígenos da pele e do olho”.
O dia europeu dos cancros da pele assinala-se hoje com o objectivo de alertar para a importância de combater e prevenir esta doença, pelo que cerca de 40 de serviços de Dermatologia em Portugal vão realizar rastreios gratuitos.
O Dia do Euromelanoma é hoje assinalado em mais de 30 países da Europa, para alertar para a importância da protecção contra os raios ultravioleta, mas também de vigiar mensalmente os sinais, através do auto-exame ou de consultas médicas em caso de dúvida.
Por isso mesmo, ao longo de todo o país, além das campanhas de sensibilização desenvolvidas pela Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) em parceria com as autarquias, cerca de 40 serviços de Dermatologia vão realizar rastreios dos vários tipos de cancros de pele, dirigidos em particular a pessoas de risco.
Este grupo inclui pessoas de pele clara, adultos que sofreram queimaduras solares quando jovens, pessoas expostas ao sol, desde trabalhadores a desportistas, com antecedentes familiares de cancro de pele ou com sinais suspeitos.
Entre os vários serviços que realizam rastreios – que podem ser consultados no site da APCC (www.apcancrocutaneo.pt) – constam-se os três Institutos Portugueses de Oncologia (Lisboa, Porto e Coimbra), os Hospitais Universidade Coimbra, o Hospital de Braga, os Hospitais do Porto e de Santo António (Porto), o Hospital Garcia da Orta (Almada), o Hospital de Santa Maria (Lisboa) e o Centro Hospitalar do Algarve.
Segundo explica a APCC, os sinais que devem ser valorizados são aqueles que mudem de tamanho, cor ou forma, que pareçam diferentes dos outros, que sejam assimétricos, que sejam ásperos ou descamativos, que tenham várias cores, com mais de 6 milímetros, que provoquem comichão, sangrem ou deitem líquido, tenham um aspecto perolado ou que pareçam uma ferida, mas não cicatrizem.
Entre os diferentes cancros de pele existentes, os mais frequentes são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma.
Segundo Osvaldo Correia, secretário-geral da APCC, estima-se que os cancros de pele vão continuar a aumentar e a previsão aponta para o surgimento de mais de 12 mil novos cancros de pele e mil novos casos de melanoma (a forma mais perigosa e mortal de cancro de pele) ao longo deste ano.
Em 2014 foram rastreadas 1.663 pessoas, a maioria mulheres, das quais apenas 32% já tinham efectuado anteriormente rastreio e 31% afirmaram ter actividade profissional ao ar livre.
Foi feito um diagnóstico clínico de sinais atípicos a 317 pessoas, das quais 112 possuíam queratoses actínicas (percursores potenciais de um tipo de cancro de pele), 16 apresentaram suspeita de melanoma e 73 suspeita de carcinomas.
Os casos de cancro de pele deverão quase triplicar e os de tumor do cólon duplicar na região sul de Portugal em 2020, comparando com o final da década de 1990, segundo projecções ontem apresentadas em Lisboa.
De acordo com a directora do Registo Oncológico Regional do Sul, Ana Miranda, em 2020 haverá mais de 600 novos casos por ano de melanoma, quando no princípio deste século se registavam cerca de 250 casos anuais.
A projecção indica que em 2020 haverá 635 novos casos de melanoma, quando em 2008 se registaram 395 casos diagnosticados.
Estes são dados e projecções do Registo Oncológico do Sul, mas Ana Miranda lembrou que se trata de uma área geográfica que representa praticamente metade do país.
Também os novos casos de cancro do cólon vão registar um aumento significativo, passando em 2020 para mais de 1.800 nos homens e cerca de 1.200 nas mulheres, uma duplicação face ao que sucedia em 1998.
Ana Miranda, que hoje participou no Congresso Nacional de Saúde Pública, explicou que o aumento de cancro do cólon tem muito a ver com o desenvolvimento dos rastreios e defende que esta é a melhor forma de detectar precocemente a doença, reduzir a sua gravidade e a mortalidade.
Só entre 1998 e 2009 o tumor do cólon aumentou 34% em pessoas a partir dos 45 anos, “muito provavelmente devido a um melhor diagnóstico e a uma melhor sensibilização da população para o problema”.
Já em relação ao cancro da pele, no mesmo período, o aumento foi de 50% nos homens e de 35% nas mulheres.
Segundo Ana Miranda, a exposição intensa ao sol em idades jovens, a par de um melhor diagnóstico, estarão na base deste aumento.
A especialista considera que “campanhas bem organizadas” podem reverter esta situação, alertando que as campanhas de sensibilização devem ser “feitas nos locais e no momento certo”, juntando várias entidades.
Embora o aumento de casos revelado pelas projecções seja significativo, Ana Miranda considera que os serviços de saúde em Portugal precisam de estar preparados não apenas para os novos casos, mas para a prevalência total, ou seja, para o número de pessoas que vão conviver com a doença oncológica, à medida que aumenta a sobrevivência neste tipo de patologia.
Os mais recentes dados do Registo Oncológico do Sul, de 2009, mostram que os tumores mais frequentes no homem são o da próstata, da traqueia, brônquios e pulmão, do cólon, da bexiga e do recto.
Na mulher, o cancro mais frequente é o da mama (quase um terço dos casos), o do cólon e o do colo do útero e útero.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.