Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) estão a desenvolver um “programa inovador de combate à obesidade”, que recorre a elementos de programas já aplicados com sucesso nos EUA e no Reino Unido, anunciou hoje a instituição.
O projecto de investigação, denominado “BeFree”, pretende “provar a eficácia de um programa inovador de intervenção em obesidade e dificuldades no controlo alimentar”, afirma uma nota da UC.
O “BeFree” visa “promover novas formas de as mulheres que sofrem de obesidade se relacionarem com a alimentação e com as suas emoções e melhorar o controlo alimentar e a sua qualidade de vida", explica Sérgio Carvalho, um dos investigadores envolvidos no projecto.
Na prática, o programa “fornece ferramentas e competências estratégicas para uma gestão emocional eficaz, ajudando a regular os episódios de descontrolo alimentar”, sintetiza Sérgio Carvalho, sublinhando que “vários estudos indicam que a existência de episódios de descontrolo alimentar está associada a quadros clínicos de obesidade mais severos e a uma maior dificuldade em perder peso”.
Para desenvolver o estudo, os especialistas estão à procura de “mulheres voluntárias para seguirem o plano com uma duração de três meses”, refere a mesma nota da UC.
Com inscrições gratuitas – através de correio electrónico (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.) ou por telefone (239 851464) –, o projecto aceita “candidaturas de mulheres com idades compreendidas entre 18 e 55 anos, residentes no distrito de Coimbra, com obesidade ou excesso de peso e dificuldades no controlo alimentar”.
O “BeFree”, que “recorre a elementos de programas aplicados com sucesso nos EUA e no Reino Unido”, está a ser “desenvolvido de raiz” por uma equipa do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC, que “possui uma larga experiência no tratamento de perturbações alimentares”.
Coordenado por José Pinto Gouveia, o projecto está a ser aplicado no âmbito de um estudo financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
A diminuição dos níveis de uma enzima pode ajudar nos tratamentos contra a obesidade e a diabetes tipo 2, conclui um estudo com ratos de laboratório publicado hoje na revista Nature.
A investigação, conduzida por equipas da Escola de Medicina de Harvard e da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, concentrou-se em reduzir a enzima Nicotinamida N-Metiltransferase, que se encontra principalmente no fígado, e em analisar a sua influência na obesidade e na diabetes tipo 2.
A dupla de cientistas Barbara Kahn e Charles Brenner observou que, ao diminuir os níveis da enzima com medicamentos conhecidos como oligonucleótidos antissentido, os ratos de laboratório obesos e diabéticos ficaram com menos 47 por cento de massa gorda e ganharam 15 por cento de massa magra, ao mesmo tempo que melhoraram a sua tolerância à glicose.
Segundo a equipa, a redução da enzima Nicotinamida N-Metiltransferase em ratos de laboratório, que a tinham em elevadas concentrações no fígado e no tecido adiposo branco, fez com que os roedores ficassem mais magros quando ingeriam uma dieta com alto teor de gordura e mais protegidos de consequências da obesidade como a intolerância à glicose.
Investigadores demonstraram o papel do cérebro na obesidade, ao verificarem em ratos que as mutações num gene do hipotálamo, o IRX3, podem originar animais 30 por cento mais magros e resistentes a dietas ricas em gorduras.
As conclusões do estudo são publicadas hoje, na revista Nature.
Até agora, sabia-se que as mutações com maior grau de associação com a obesidade residiam no gene FTO. Contudo, investigadores em Espanha, nos Estados Unidos e no Canadá descobriram que tais mutações afectam elementos reguladores, que, apesar de estarem localizados no gene FTO, controlam o gene IRX3.
Marcelo Nóbrega, geneticista brasileiro da Universidade de Chicago que coordenou o estudo, sustenta que, numa experiência com ratos de laboratório, os roedores com mutações no IRX3 revelaram-se 30 por cento mais magros – devido à perda de tecido adiposo branco, ao aumento de tecido adiposo castanho e à actividade metabólica – e mais resistentes às dietas ricas em gorduras.
Tal aconteceu, não obstante os ratos terem comido e exercitado o mesmo que os roedores com o gene "intacto".
"Os nossos dados sugerem, fortemente, que o IRX3 controla a massa de gordura", ao regular o metabolismo, assinalou o geneticista, citado pela agência AFP.
As mutações causam uma produção excessiva da proteína com o mesmo nome no cérebro, afectando possivelmente, segundo os cientistas, o hipotálamo, onde são regulados o apetite e o metabolismo.
A próxima meta da equipa de investigadores será identificar quais as funções das células que foram alteradas pelo IRX3, e de que forma, para que possam ser desenvolvidos medicamentos que bloqueiem os efeitos causadores da obesidade.
A taxa de obesidade entre os alunos em idade pré-escolar nos Estados Unidos caiu para quase metade na última década terminada em 2012, indicam dados divulgados na terça-feira.
Apenas 8% de crianças com idades entre os dois e cinco anos eram obesas em 2011-2012, abaixo dos 14% registados em 2003-2004, segundo a pesquisa dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC na sigla inglesa).
Os dados foram divulgados na publicação da associação médica norte-americana (Journal of the American Medical Association).
O estudo demonstra que cerca de um terço dos adultos e 17% das crianças e adolescentes nos Estados Unidos eram obesas em 2011-2012, sem alterações significativas.
A Direcção do Núcleo de Doenças do Comportamento Alimentar (NDCA) realiza, no próximo dia 1 de Fevereiro, sábado, um Encontro sob o tema “Factores psicológicos na clínica e tratamento da obesidade”.
O Encontro que tem início marcado para as 9h, terá lugar na Clínica Psiquiátrica de São José, em Lisboa, e conta com a participação de diversos médicos de várias especialidades, nomeadamente cirurgia, psiquiatria e psicologia.
Em nota recebida na nossa redacção, o NDCA lembra que de acordo com resultados do relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS) “Portugal: Alimentação Saudável em Números 2013” a obesidade atinge 1 milhão de adultos em Portugal e 3,5 milhões são pré-obesos. E também revela números preocupantes nos mais novos: cerca de 15% das crianças entre os 6 e os 9 anos são obesas e mais de 35% sofrem de excesso de peso.
A modificação nos hábitos de consumo, o aumento da ingestão de gorduras e proteínas de origem animal, associada ao sedentarismo, favorecem a incidência de obesidade, que continua a ser, provavelmente, um dos maiores problemas de saúde pública em Portugal.
Para a NDCA torna-se, assim, importante, aumentar a percepção da comunidade e dos profissionais de saúde para os problemas ligados ao excesso de peso, bem como promover o conhecimento científico dos associados e investigadores nesta área.
Mais informações sobre a iniciativa podem ser solicitadas a:
Susana Ribeiro | Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. | 96 410 89 51
Ver programa Aqui
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.