Quando os cuidados de saúde assentam na solidariedade de equipas de escassos recursos!

14 Dez 2021

Escrevo na primeira pessoa a vivência de ser Médica de Família, numa unidade de saúde em Lisboa a cuidar de utentes sem equipa de saúde. Enquanto Médica de Família há quase 30 anos podia estar tranquilamente com uma lista de utentes, numa qualquer USF modelo B. Pelo contrário, todos os meses tenho de justificar superiormente porque não tenho uma lista de utentes por colaborar nos cuidados a cerca de 9 000 inscritos sem Médico de Família da minha unidade. Faço o melhor que posso em cada dia, sabendo-o insuficiente. Enquanto profissional que cuida desta população e a olha nos olhos, sinto o peso da desigualdade no acesso à saúde confirmado pela afirmação “Dr.ª não tenho culpa de não ter médico!” Como as políticas ignoram este problema e aceitam que os cuidados de saúde em situação de vulnerabilidade assentem na solidariedade das equipas com menores recursos?

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