Dois verbos a conjugar no 6.º Curso de Pediatria Ambulatória da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP): “Vigiar e Prevenir”. A ação formativa, a decorrer online, está agendada para 24 e 25 de setembro, tendo como principais destinatários médicos internos de Pediatria e de Medicina Geral e Familiar.
Em entrevista ao Jornal Médico no contexto das 1.as Jornadas Digitais de Pediatria, que decorreram em outubro, a presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), Inês Azevedo, analisa os desafios da especialidade, bem como o impacto da Covid-19 na saúde das crianças. E conclui que, pela positiva, a pandemia aumentou a consciência dos pais para a importância da vacinação.
A 17 de Maio celebra-se o Dia Mundial da Hipertensão, e o Grupo de Estudo da Hipertensão Arterial em Pediatria da Sociedade Portuguesa de Pediatria lembra que a hipertensão arterial (HTA) afeta crianças e adolescentes e é um fator de risco importante, independente e potencialmente reversível de doença cardiovascular e doença renal terminal em qualquer idade.
A medição da pressão arterial deve ser realizada em todas as crianças a partir dos 3 anos, nas consultas de vigilância de saúde infantil, como recomendado no programa nacional de saúde infantil e juvenil da Direção-Geral da Saúde.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria, considera importante sensibilizar a população em geral (pais, educadores e técnicos de saúde) para a importância do reconhecimento da hipertensão arterial e sobretudo para promover globalmente estilos de vida saudável como forma de prevenção.
Desta forma, o grupo de estudo vai promover acções de Educação para a Saúde relacionadas com esta temática. Estas realizar-se-ão nas escolas, com o apoio da comunidade escolar, visando sensibilizar os mais novos e através deles os pais, os cuidadores e a população em geral.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) recomenda a vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano, a título individual, dos adolescentes do sexo masculino e a vacinação contra a tosse convulsa de jovens pais e conviventes de recém-nascidos.
De acordo com uma atualização das recomendações sobre vacinas extra do Programa Nacional de Vacinação (PNV), elaboradas pela Sociedade de Infeciologia Pediátrica (SIP) da SPP, os jovens adolescentes devem vacinar-se, a título individual, contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV),“como forma de prevenir as lesões associadas a este vírus”.
No documento lê-se que que o HPV “é responsável, em todo o mundo e em ambos os sexos, por lesões benignas e neoplasias malignas, com incidência elevada”.
“É hoje considerado o segundo carcinogéneo mais importante, logo a seguir ao tabaco. Está associado a 5% dos cancros, em geral, e a 10% na mulher”, prosseguem os autores.
Segundo a SIP, “os homens encontram-se em risco de desenvolver condilomas genitais, cancros do ânus, do pénis, da cabeça e pescoço e neoplasias intraepiteliais do pénis e ânus”.
Em Portugal, a vacina contra o HPV foi introduzida no Plano Vacinal de Vacinação em outubro 2008, para todas as adolescentes com 13 anos de idade num esquema de três doses. A partir do dia 01 de outubro de 2014, a vacinação em âmbito de PNV passou a ser recomendada para as raparigas entre os 10 e 13 anos de idade num esquema de duas doses.
Tendo em conta que “a carga da doença por HPV é relevante no sexo masculino e não existem rastreios implementados para a prevenção dos cancros associados a HPV”, os especialistas concluíram que “a forma de reduzir individualmente o risco de doença, para além da proteção indireta, é através da vacinação”.
Outra recomendação da SPP vai no sentido da “vacinação de jovens pais e conviventes que desejem reduzir o risco de infeção para si e para os recém-nascidos com quem residem”.
“A vacinação durante o terceiro trimestre da gravidez (entre as 28 e 36 semanas) durante surtos, como o que ocorre atualmente na Europa” e a “vacinação de adolescentes e adultos” são medidas de proteção individual igualmente recomendadas.
Em julho, o diretor-geral da Saúde assumiu que as autoridades estão preocupadas com os casos de tosse convulsa em Portugal, que também tem atividade em outros países europeus, e nos Estados Unidos.
Dados da OMS, citados neste documento, indicam que em 2008 se registaram 16 milhões de casos no mundo e 195 mil mortes em crianças.
“Nos últimos anos tem-se observado um aumento ligeiro do número de casos, embora flutuante”, lê-se no documento que pode ser consultado no site da SPP.
Além destas recomendações a SIP/SPP mantém a recomendação da proteção contra a doença invasiva por N. meningitidis tipo B, nomeadamente “a vacinação das crianças dos dois meses aos dois anos”, podendo também “ser administrada a crianças e adolescentes”.
É também recomendada a vacinação de “crianças e adolescentes com fatores de risco para doença invasiva por N. meningitidis, nomeadamente défices do complemento, asplenia e tratamento com eculizumab”.
“A vacinação pode, ainda, ser considerada em crianças e adolescentes com doença ou tratamento imunossupressores e na prevenção de casos secundários intradomiciliários ou em instituições e para controlo de surtos”.
Para o rotavírus, agente que causa gastrenterite aguda, a SPP mantém “a recomendação de vacinação de todas as crianças saudáveis, reforçando a importância do cumprimento das indicações quanto à idade de vacinação”.
Lusa
A Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) quer que a criança seja colocada “de forma central” na agenda política em Portugal e que a natalidade seja assumida como prioridade.
Mais de mil especialistas das áreas da saúde infantil estarão reunidos a partir de sexta-feira em Albufeira, no 15.º Congresso Nacional organizado pela SPP e que tem entre os temas centrais a promoção da natalidade, os 50 anos do Programa Nacional de Vacinação e a prevenção de doenças cardiovasculares, segundo disse à agência Lusa a presidente da Sociedade, Teresa Bandeira.
De acordo com a responsável, uma das principais preocupações da Sociedade de Pediatria é actualmente “colocar a criança de forma central na agenda política, da saúde, da educação e científica”.
“A criança é o pai do Homem”, refere Teresa Bandeira, adiantando que a construção de um compromisso social e político para a natalidade é um dos temas fundamentais do Congresso.
A prevenção, em idade pediátrica, das doenças cardiovasculares típicas do adulto são outro dos assuntos a debater pelos especialistas de saúde infantil.
“As medidas de prevenção nesta fase da vida serão mais eficazes e muito menos dispendiosas do que a prevenção na idade adulta”, defende Teresa Bandeira, indicando que está cientificamente demonstrado que a maioria das doenças cardiovasculares começa em fases da vida muito precoces.
A pediatra vinca que “a maioria destas doenças começa potencialmente de forma antenatal”, ou seja, que há factores que promovem a saúde desde o útero materno.
Sobre o Programa Nacional de Vacinação, quase a completar 50 anos, a Sociedade Portuguesa de Pediatria sublinha a necessidade de “manter a estrutura que o suporta”, lembrando que tem das mais elevadas taxas de adesão a nível europeu e mundial e que permitiu eliminar ou “reduzir drasticamente” doenças graves e/ou muito frequentes.
Há um ano em funções, a actual direcção da SPP pretende uma aproximação às crianças e famílias, tendo lançado este mês uma página na internet com informação simples dirigida a pais e educadores.
Direitos da criança, gravidez e primeiro ano de vida, comportamentos ou doenças comuns são alguns dos assuntos abordados no site dedicado à criança e à família, onde se podem encontrar artigos que vão desde a prevenção da morte súbita à vacinação.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.