As doenças vasculares, no seu conjunto – cérebro e cardiovascular – são, em Portugal e no mundo, um problema de saúde pública e com fortíssimas repercussões financeiras. E também já estão longe de ser um exclusivo dos países mais ricos ou desenvolvidos, conforme o demonstram as estatísticas de mortalidade.
Em boa verdade, a nossa saúde depende em boa parte dos bons tratos que lhe saibamos premiar, descontados que sejam os testamentos genéticos dos progenitores.
O envelhecimento das sociedades e a crescente tendência de aumento da esperança média de vida acentuam as pressões sobre os sistemas de saúde e as respetivas finanças públicas.
A repetida e ansiada medida de alteração no regime de acesso à reforma, em função da idade e da extensão da carreira contributiva, em particular no que possa relacionar-se com as penalizações consequentes à luz do modelo anterior, tornou-se durante os dois últimos anos, um sonho ou um pesadelo de muitos milhares de portugueses.
A falta de conhecimento ou de preparação técnica ou a demagogia, enfim, levam com frequência a que, com ou sem intenção dolosa ou irresponsável, se ouçam pedidos de reforço de recursos orçamentais para serviços públicos – como a educação ou a saúde.
A prevalência de doenças como a insuficiência cardíaca (IC), a obesidade, a diabetes ou a síndrome de apneia obstrutiva do sono, num contexto de acentuado envelhecimento populacional, coloca questões significativas à Saúde na perspetiva do Estado, e naturalmente, um peso complexo ao nível dos cuidados hospitalares (e necessidades de internamento ou cuidados continuados e criação e desenvolvimento de unidades ou clínicas de dia) e dos cuidados de saúde primários (CSP).
O exercício da prática médica, quando – e deveria ser sempre! – é assumido com o profissionalismo e com a humanidade que Abel Salazar sempre sublinhou e nos recordou, não só nos gratifica e dignifica, como nos lembra de uma realidade em que vivemos, dura, dissonante e exigente.
Neste momento os CSP encontram-se sobrecarregados de processos burocráticos inúteis, duplicados, desnecessários, que comprometem a relação médico-doente e que retiram tempo para a atividade assistencial.